Sete candidaturas deram entrada no Tribunal da Guarda.
O PS concorre com listas próprias em 37 das 43 freguesias do concelho da Guarda nas autárquicas de 29 de setembro, mais sete que a coligação PSD/CDS-PP. Já a candidatura independente liderada por Virgílio Bento formou listas em 15 localidades, enquanto a CDU tem candidatos em nove e a candidatura independente de Baltazar Lopes concorre apenas a uma, a da cidade. Sem quaisquer listas nas freguesias participam o Bloco de Esquerda e o MRPP. O prazo para entrega de listas terminou na segunda-feira e o juiz do Tribunal da Guarda tem até domingo para verificar a regularidade de listas e assinaturas, a autenticidade dos documentos e a elegibilidade dos candidatos apresentados pelas sete candidaturas. O mesmo prazo é dado aos candidatos, ou seus mandatários, e aos partidos para impugnar a regularidade do processo ou a elegibilidade de qualquer adversário. Supridas as eventuais irregularidades e substituídos os candidatos inelegíveis, as listas retificadas deverão ser afixadas à porta do tribunal até dia 19 deste mês. Entretanto, a relação das listas, com a identificação completa de candidatos e mandatários, está afixada à porta do tribunal desde segunda-feira. Foi também sorteada e afixada no tribunal a ordem pela qual as listas vão surgir nos boletins de voto e os símbolos que representarão os grupos de cidadãos. Mas se o resultado do sorteio foi pacífico – a CDU será a primeira a figurar no boletim, seguida, por esta ordem, de PS, BE, “A Guarda Primeiro” [Virgílio Bento], “Juntos pela Guarda” [Baltazar Lopes], PSD e MRPP –, o mesmo já não se poderá dizer do despacho emitido pelo juiz que autorizou a candidatura de Virgílio Bento a usar o seu símbolo, o “G”, no boletim. Segundo o jornal O INTERIOR, as candidaturas do PS, PSD/CDS-PP e de Baltazar Lopes não gostaram da decisão e estão a averiguar a sua conformidade com a lei eleitoral. «A legislação não estipula que os grupos de cidadãos sejam identificados no boletim pelo símbolo do movimento. O que permite é que se atribua um número romano seguido do lema da candidatura, mas o caso está a ser analisado por juristas e se entenderem que há inconformidade, então a lei terá que ser cumprida», disse ao jornal O INTERIOR fonte da candidatura de José Igreja. Mas este argumento é partilhado pela lista liderada por Álvaro Amaro, enquanto Baltazar Lopes também já está à procura de fundamentos legais para exigir o mesmo tratamento. Na segunda-feira, os últimos cinco candidatos às autárquicas de 29 de setembro revezaram-se na secretaria do Tribunal da Guarda. José Igreja foi o primeiro a chegar pouco depois das 15 horas. «Temos listas próprias em 37 freguesias. O PS tinha que demonstrar que é o partido mais forte no concelho ao nível do povo. É um partido popular, de massas, e que une as pessoas», declarou o cabeça-de-lista. O socialista perspetiva uma «luta forte, dura», até porque estas eleições «não são iguais às anteriores porque há uma candidatura dita independente – que disso não tem nada – no meio». Apesar dessa contrariedade, Igreja considera que o PS provou com estas listas que «não está tão partido quanto alguns pensavam, pelo contrário, temos força e estamos cá para ganhar». Marco Loureiro (BE) foi o candidato que se seguiu, tendo declarado que o Bloco tem «todas as condições para conseguir a melhor votação de sempre no concelho». E isto devido ao trabalho feito nos oito anos que o partido está na Guarda e a uma equipa «muito jovem, mas com muita força, dinâmica e vontade de mudar». O candidato sustentou que «a Guarda precisa de mudar, daí o nosso lema “A Guarda existe” porque entendemos que nos últimos anos mais parece que não existe e nós queremos voltar a colocar a Guarda no mapa». O BE concorre apenas à Câmara e Assembleia Municipal. A candidatura de Virgílio Bento foi a terceira a dar entrada no Tribunal. «As expetativas são muito boas, não só as nossas como as da sociedade da Guarda que acredita e confia em nós e nos vai dar a vitória para lutar pelo desenvolvimento deste concelho», afirmou. O cabeça-de-lista do movimento “A Guarda Primeiro” lamentou ainda o «tratamento discriminatório» das candidaturas independentes relativamente aos partidos. «Nós estamos obrigados a um número mínimo de proposituras e as nossas despesas são sujeitas a IVA», exemplificou. A candidatura apresentou mais de 3.000 proponentes para a lista à Câmara e 2.056 para a Assembleia Municipal. Por sua vez, Baltazar Lopes reuniu 1.936 assinaturas e sustentou que a sua candidatura independente foi bem recebida no concelho. «Portanto, estou convencido que vou ser eleito para a Câmara», sublinhou, tendo desvalorizado as suspeitas de que não conseguiria cumprir os formalismos necessários. «Eu gosto de desafios e das coisas difíceis. Se fosse fácil já muitos o tinham feito. Sempre disse que ia ser candidato à Câmara e aqui estou, agora só falta o eleitorado confiar em mim», acrescentou o atual presidente da Junta de Aldeia Viçosa. Os representantes da coligação PSD/CDS-PP, liderada por Álvaro Amaro, foram os últimos a chegar ao tribunal. Também aqui as expetativas são as melhores com listas próprias em 31 freguesias e duas independentes que apoiam a candidatura. O mandatário Constantino Rei – o cabeça-de-lista não esteve presente – considerou que a candidatura «é genuína»: «Não é uma lista de falsos independentes, porque há pessoas ligadas aos partidos e um conjunto muito vasto de elementos que são verdadeira e declaradamente independentes. Não são pessoas que eram dirigentes partidários há 15 dias e que hoje se dizem independentes», afirmou.