Em ano de renovação de contratos trianuais com as câmaras, o diretor da maior prova velocipédica nacional propôs-se a recuperar o Alentejo e o Algarve, ausentes desde 2008, como rota de passagem da prova, uma intenção que não passou disso mesmo, depois das negas de cidades-chave, como Tavira ou Loulé. No entanto, Joaquim Gomes trouxe uma fatia de Trás-os-Montes de novo para a Volta a Portugal e conseguiu cidades inéditas, sempre acima do Tejo, para substituir as suspeitas do costume, num traçado de 1.613,4 quilómetros entre Fafe e Lisboa, que terão nas invariáveis Senhora da Graça (Mondim de Basto) e Torre (Seia) e na estreante Serra do Larouco os seus momentos mais decisivos. Os 11 dias mais importantes do ciclismo nacional têm início no sítio onde a maior prova velocipédica nacional tem sido repetidamente feliz, ou seja, em Fafe, que, tal como em 2011, acolhe o prólogo inicial, que vai definir o primeiro camisola amarela, coroado depois de 6,8 quilómetros nas curvas e contracurvas no empedrado da cidade minhota. Depois da definição de valores na “Grande Partida”, a caravana iniciará a primeira etapa em linha em Lousada de onde seguirá, em direção à Maia, que regressa à competição como cidade-meta dos 183,5 quilómetros da jornada. Na segunda etapa, o pelotão sairá de Gondomar rumo a Braga numa tirada de 171,8 quilómetros, que inclui a passagem pelo Sameiro e pelo Bom Jesus, num percurso tão bonito quanto duro para os ciclistas. Ao quarto dia, o pelotão parte da habitué Viana do Castelo em direção à estreante Montalegre, onde os candidatos à geral terão o seu primeiro grande teste: os 180 quilómetros da terceira etapa contemplam cinco contagens para o prémio de montanha, a última das quais, de primeira categoria, na Serra do Larouco, coincidindo com a meta a 1.525 metros de altitude, o segundo ponto mais alto de Portugal continental. O primeiro domingo da 76.ª edição está reservado para a sempre espetacular subida à mítica Senhora da Graça, em Mondim de Basto, depois de longos e duros 192,5 quilómetros com início na estreante Boticas, vila rural envolvida pelo xisto e granito da agreste Serra do Barroso. No dia seguinte, Alvarenga, ponto de partida da quinta etapa, faz a sua estreia na Volta a Portugal, numa jornada que se prevê agitada, uma vez que o pelotão terá de cumprir 161,3 quilómetros até ao Monte Córdoba, em Santo Tirso, onde está instalado o Santuário de Nossa Senhora da Assunção. Depois de quatro dias consecutivos a subir, a etapa que antecede a jornada de descanso é considerada de transição e será uma oportunidade para os sprinters terminarem na frente: entre Oliveira do Bairro e Viseu existe uma única montanha, de segunda categoria, no Caramulo, durante os 155 quilómetros que fazem a etapa em linha mais curta deste ano. Cumprida a jornada de repouso, a 06 de agosto, em Viseu, o pelotão com energias redobradas ataca, desde logo, a etapa rainha, com a imponente Serra da Estrela, colocada este ano um dia antes do habitual. A sétima etapa partirá de Belmonte, que, com a Serra à vista, servirá de rampa para os 172,5 quilómetros que a caravana terá pela frente. As dificuldades surgem logo após a passagem pela Covilhã com a subida às Penhas da Saúde e a posterior descida até Manteigas, onde o pelotão começará a trepar serra acima até às Penhas Douradas, a última grande dificuldade antes da emblemática chegada à Torre. Se o vencedor não ficar decidido no ponto mais alto do continente português, os candidatos à geral terão mais uma oportunidade, um dia depois de percorrerem a jornada mais longa da 76.ª edição, os 194 quilómetros entre o Sabugal e Castelo Branco. Na penúltima etapa, os corredores terão de fazer novamente o exercício do contrarrelógio, nos 28,9 quilómetros que ligam a estreante vila de Oleiros ao centro da Sertã. A 10 de agosto, já com as contas (quase) todas feitas, o camisola amarela passeará a sua vitória nos 167,1 quilómetros entre a novata aldeia de Burinhosa, concelho de Alcobaça, e a Avenida da Liberdade, em Lisboa. O pelotão vai rolar em direção ao centro da capital portuguesa, passando por Torres Vedras junto à estátua de Joaquim Agostinho num gesto de homenagem ao grande campeão falecido há 30 anos, antes de poder finalmente respirar de alívio e festejar.