1.500 famílias vivem com menos de 100 euros por mês na região

Entre as famílias que recebem Rendimento Social de Inserção (RSI), quase 1.500 vivem com menos de 100 euros mensais nos distritos da Guarda e Castelo Branco. No total, são 2.859 os agregados familiares que recebem RSI nestes dois distritos, o que corresponde a 7.454 beneficiários. Destas famílias, 68 por cento recebem menos de 200 euros […]

Entre as famílias que recebem Rendimento Social de Inserção (RSI), quase 1.500 vivem com menos de 100 euros mensais nos distritos da Guarda e Castelo Branco.
No total, são 2.859 os agregados familiares que recebem RSI nestes dois distritos, o que corresponde a 7.454 beneficiários. Destas famílias, 68 por cento recebem menos de 200 euros de prestação social. São dados preocupantes, a que se junta o aumento do número de desempregados, acompanhando a tendência nacional. Atendendo a dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), em janeiro estavam inscritos 21.904 desempregados nos dois distritos, o que equivale a um aumento de 3,9 por cento face ao mês anterior e 17 por cento em relação ao mês homólogo. Cerca de 42 por cento destas pessoas estão sem emprego há um ano ou mais. O distrito da Guarda tinha, em dezembro, 1.395 agregados com RSI, um dos números mais baixos de 2012, que em maio atingiu o “pico” de 1.588, o mais alto do último ano. Contudo, desde essa altura que os abrangidos tinham vindo a diminuir, o que só foi contrariado nos últimos três meses do ano com um aumento global de 25 famílias. Segundo dados da Segurança Social, a prestação mais frequente situa-se entre os 100 e 200 euros e é atribuída a 677 agregados, que representam quase metade do total. Perto de 25 por cento não tem qualquer rendimento para além do RSI, o que afeta 350 famílias do distrito. Na Guarda, o valor médio desta prestação social é de 193,50 euros por família e 75,33 euros por beneficiário. Já em Castelo Branco havia 1.464 famílias a receber RSI em dezembro, valor mais elevado depois da quebra acentuada verificada após junho, mês em que se contavam 1.542. Ao contrário do que sucedeu na Guarda – que já em 2004 iniciava o ano com o RSI atribuído a mais de um milhar –, o distrito de Castelo Branco abrangia 640 agregados, entrando na casa dos milhares três anos depois (2007). Tal como na Guarda, a prestação mais habitual situa-se entre os 100 e os 200 euros, concedida a 783 famílias, o que corresponde a 53 por cento do total. Segundo os dados referentes a dezembro, 316 agregados não auferem qualquer rendimento além do RSI neste distrito. Quanto ao desemprego, em janeiro registavam-se 9.227 desempregados no distrito da Guarda, valor superior em 4 por cento face a dezembro e a 12 por cento em comparação com o início de 2012. Já em Castelo Branco havia 12.667 desempregados no mês passado, o que representa uma subida de 3,6 por cento face a dezembro e 19 por cento comparativamente ao mês homólogo do ano anterior. As empresas continuam a fechar e não há capacidade de “escoar” quem todos os dias fica sem trabalho na Beira Interior. Uma das soluções mais recorrentes a nível nacional é emigrar e, ao que tudo indica, terão sido mais de 100 mil os portugueses a abandonar o país em 2012, segundo dados divulgados pelo Correio da Manhã.
Carenciados doentes preocupam
«Os casos mais preocupantes são os doentes, sobretudo os psiquiátricos», afirmou ao jornal O INTERIOR fonte de uma IPSS que acompanha alguns beneficiários de RSI na Guarda. Por um lado, os doentes psiquiátricos «não têm resposta social. É-lhes dada alta hospitalar e não são acompanhados como precisam», considera. Já alguns doentes não têm direito a pensão de invalidez, «mas também não conseguem arranjar trabalho por causa das suas limitações». Uma das ajudas mais requisitadas é alimentar, muitas vezes «envergonhada». Também as formações desenvolvidas pelo IEFP são um recurso para quem se vê sem oportunidades: «Há pessoas a fazer formações pelo dinheiro. Nalguns casos fazem duas por dia para receberem os subsídios de alimentação, que, por vezes, é só o que pagam», adianta. Várias famílias estão «cheias de créditos», o que é difícil de suportar «com pensões maioritariamente pequenas», constata também. Segundo a mesma fonte, a maioria dos beneficiários no distrito são pessoas individuais ou famílias monoparentais, sendo que metade dos apoiados são crianças.

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