Desta vez, o Pai Natal Sensato pediu ao seu fiel amigo, o Duende Ponderado, para modificar os comportamentos da Igreja Católica.

Há uns anos, e se bem se recordam, o Pai Natal Sensato, com a preciosa colaboração do seu fiel amigo, o Duende Ponderado, alterou tudo aquilo que era orquestrado pelas multinacionais do brinquedo, do descartável e do supérfluo. Felizmente que a infundada e desmesurada aquisição destes produtos deixou de existir, não esmagando, assim, os orçamentos familiares na época natalícia. Mas, talvez não tenha acontecido assim…
Desta vez, o Pai Natal Sensato pediu ao seu fiel amigo, o Duende Ponderado, para modificar os comportamentos da Igreja Católica. O Duende Ponderado aceitou prontamente o desafio e, durante duas semanas, os dois amigos espalharam um saco de pó mágico incrível e de cor verde pelo mundo inteiro.
Algum tempo depois, a Igreja Católica deixou de ser autoritária, materialista, egocêntrica, pretensiosa, conservadora e retrógrada. Os líderes da mesma deixaram de ser seduzidos pelo dinheiro e poder. A razão crítica e a liberdade de pensamento já não constituem ameaças para a fé. O Vaticano deixou de ser controlado pelas sociedades secretas e já não silencia os católicos. A Igreja Católica acabou por aceitar o modernismo, assim como a experiência e a meditação pessoal como configurações que cada indivíduo tem para compreender a realidade e a ficção existente em redor de Deus. Os cidadãos que duvidam e questionam já não têm de lidar com os comportamentos repressivos da Igreja, pois os mesmos fazem parte do passado. A desconfiança passou a ser sinónimo de progresso e justiça. O cepticismo e a crença já se misturam. A Igreja aproximou-se da ciência e da vida, passando a admitir que a fé em Deus não constitui a única condição para se edificar uma sociedade fraterna e pacífica. A Igreja Católica passou a presentear-nos com princípios de reflexão capazes de metamorfosear a sociedade numa superfície mais humana, digna e pigmentada. Já não se usa o vocábulo Deus com a finalidade de perscrutar e explorar os “irmãos”. O Deus da fé cristã deixou de ser um enigma. A fé cristã passou a ser uma decisão livre e responsável. A Igreja Católica abandonou o disfarce e já convive com o espírito crítico, admitindo que a sociedade necessita de uma teologia crítica. A Igreja passou a defender que a religião e a fé não são duas palavras sinónimas. A separação entre a doutrina da Igreja Católica e a realidade deixou de existir. Os princípios católicos passaram a reflectir harmonia social. A profissão eclesiástica já não serve unicamente os interesses de alguns grupos sociais e não dissemina a desordem social. A Igreja Católica passou a ver com bons olhos a liberdade religiosa. Os mecanismos da religião deixaram de ser umbrosos e de menosprezar as pessoas. O Vaticano expulsou, das suas fileiras, os corruptos, os pedófilos e os verbos-de-encher. A Igreja já não procura “conceber” cidadãos “debilitados”, analfabetos e profundamente distraídos. Passou a existir compromisso no Evangelho. A fé cristã deixou de ser uma barreira ao aperfeiçoamento social. O conhecimento científico passou a ser degustado como um instrumento auxiliar e clarificador fundamental para os crentes. Os prefácios e os caminhos da fé ficaram cristalinos. Os dogmas, só depois de bem explicados e compreendidos, voltaram a ser defendidos, sendo que alguns ficaram pelo caminho. A Igreja já não pratica a “omissão” e deixou de adulterar os mandamentos do Senhor. Os católicos abandonaram o falso conforto, passando a estar em consonância com o mundo actual. Os “pastores” da fé deixaram de ser os mercenários da fé. A Igreja Católica, dando o exemplo, passou a promover o estilo de vida humilde e a verdadeira solidariedade. A razão absoluta foi ultrapassada. O Vaticano deixou de ser uma máfia política e económica. A ostentação e a ganância fazem parte do passado. O tesouro da Igreja Católica foi distribuído pelos mais necessitados. A Igreja Católica ficou muito mais rica, pois passou a utilizar o seu próprio património para matar a fome, a indigência, a marginalidade e as iniquidades sociais.
O Poema “Não Dês Esmola a Santinhos”, do autor António Aleixo, deixou de fazer sentido. O Pai Natal Sensato e o Duende Ponderado fizeram um excelente trabalho e deram-nos um presente muito valioso!