Imensas regiões de Portugal agasalham na relação com os touros um elemento essencial da sua identidade cultural. A tourada é um espectáculo ilustre que ao vivo é pago e concretizado num recinto totalmente fechado. Somente assiste à tourada ao vivo quem quer.

Na televisão, quem não gosta de touradas muda para outro canal. Deste modo, deixamos que os “sapientes” pseudo defensores dos animais ensinem os seus filhos à sua maneira e não os filhos dos outros.

O Bloco de Esquerda e os Verdes “sugeriram”, no ano de 2012, a interdição das transmissões de touradas na Rádio Televisão Portuguesa (RTP), bem como o fim dos apoios públicos aos espectáculos tauromáquicos. Será que a programação da RTP deve ser determinada pelo Parlamento? Será que o poder político não deve circunscrever finalidades genéricas? Será que esta pretensão não é uma autêntica e pardacenta ditadura cultural? Será que o poder local não deve manter e solidificar uma correspondência contígua com as suas populações? Será que as Câmaras Municipais não hospedam a obrigação de se embeberem nas principais festividades locais? Será que a lei não tem que ser “aceitável” para a maioria da população a que se aplica? Será que a concepção de legislação específica não resolveria boa parte do problema?

Esta conjuntura pode ser degustada como uma verdadeira desconsideração pela liberdade. Todos deveríamos usufruir de liberdade para escolher aquilo que gostamos de ver e aquilo que, como cidadãos conhecedores e criteriosos, queremos preservar. Em relação a mim, os movimentos “anti touradas” não têm capacidade para me impor nada, absolutamente nada. Não admito que um qualquer indivíduo desses movimentos me diga aquilo que devo ver na televisão. Não admito que um “sábio” qualquer me diga quais são os espectáculos de que devo gostar?

Quando me dirijo para um espectáculo tauromáquico observo, ainda que outrora talvez fosse de modo mais amiudado, meia dúzia de histéricos e medíocres. Será que esses “iluminados” sabem aquilo que fazem e dizem? Será que não são uma cambada de fascistas? Será que o seu comportamento tem alguma importância? Será que os mesmos não são uns jograis fundamentalistas?

Infelizmente existe no nosso País um imenso ataque contra os cidadãos que amam as touradas. Há, por parte daqueles que não gostam de touradas, uma triste tentativa ideóloga de estandardizar a cultura Portuguesa, assim como o intuito de forçar o público a criar e saborear unicamente certos modelos de programas televisivos. Os argumentos apresentados pelos movimentos “anti touradas” carecem de imaginação, ou seja são sempre os mesmos, completamente despropositados e improcedentes. Chamam ignorantes, selvagens, inscientes, sanguinários, irracionais e patetas aos aficionados e apaixonados pelas touradas. Será que há algo mais ignóbil, vergonhoso e contemptível do que existirem indivíduos que não respeitam os gostos dos outros?

Nasci e cresci a ver touradas e, na realidade, as mesmas nunca influenciaram, de forma negativa, o meu comportamento como cidadão. Quando era criança, na Freguesia de Aldeia do Bispo do Concelho do Sabugal, tinha, tal como todos os outros meninos, duas brincadeiras predilectas: jogar futebol, como em qualquer parte do mundo; e correr atrás dos outros com um pau de giesta “fixado” à cabeça a fazer de touro. Brincar às touradas era extremamente bom. Belos tempos!

Na verdade, as corridas de touros nunca me transformaram numa pessoa belicosa, impiedosa, empedernida ou impassível perante pessoas ou animais. Sou um cidadão observador e respeitador de todas as regras da sociedade, nunca desobedeci nem acotovelei a legislação, nem nunca tive comportamentos agressivos contra seres humanos ou animais. Esta é a minha postura perante a vida. É com muito orgulho que respiro e amo touradas. A minha filha Beatriz, com apenas 12 anos, já é uma verdadeira aficionada da festa brava e tenho um gigantesco orgulho nisso. Será que aqueles que pertencem aos movimentos “anti touradas” não se acham no direito de poder preceituar os gostos de cada um? Será que os mesmos não são ideólogos baratos? Será que essa cambada de ignorantes não se julga uma entidade superior?

Os defensores dos animais deviam aparecer em algumas quintas, nas quais os animais de criação passam fome e estão instalados em estruturas precárias de criação, vivendo em completo e constante sofrimento. Nestes casos, as “vedetas” não aparecem, nem organizam qualquer género de petição ou vaga de solidariedade. Aqueles que pertencem aos movimentos “anti touradas” são autênticos e lamacentos fundamentalistas. Deixo aqui alguns conselhos para esses espertos: bebam juízo; deixem as fraldas; abandonem a imbecilidade; cresçam; e depois apareçam.

Suínos, ovelhas, coelhos, cabras, patos ou galinhas que morrem à fome e vivem em condições insalubres não sofrem, assim como as raposas esfoladas vivas e os patos engordados por um funil para que o seu fígado intumesça e dele se adquira o famoso paté. Enfim, somente os toiros é que sofrem. Os pseudo defensores dos direitos dos animais que laborem nos locais devidos e abandonem a estupidez, o fanatismo e a obtusidade. Será que os cidadãos que compõem os movimentos “anti touradas” não procuram unicamente protagonismo e alguns momentos de antena? Será que para os mesmos não existem animais de primeira e outros de segunda? Será que esses movimentos não estão desenhados em telas completamente cendradas, inconsistentes e incongruentes?

Nunca devemos aceitar a exterminação de determinadas tradições ou infundir certos gostos com o fundamento de que os mesmos são em benefício da sociedade. Na verdade, todos temos a noção que essas condições em nada interferem com algumas configurações aviltadoras existentes na nossa sociedade, e que somente acalentam os egos de determinados indivíduos que se julgam de uma estirpe mais elevada. Há indivíduos tão egocêntricos que são incapazes de respeitar os desejos e vontades dos outros. Estes movimentos “anti touradas” estão repletos de “artistas” que não querem saber dos animais, mas sim de proveito próprio. Meus caros, o mundo não gira à vossa volta, retractem-se por favor!

As touradas não estão, nem de longe, nem de perto, coligadas aos graves e intensos problemas a que assistimos não só nas escolas, como também em todos os vértices da sociedade. Vemos crianças e jovens a injuriarem e a espancarem os colegas e os professores em formatos de pura crueldade. Contemplamos jovens e adultos a cometerem agressões, violações e assaltos; a consumirem álcool e drogas; e a desprezarem os verdadeiros valores, bem como os valores dos outros. Talvez tenha chegado a altura de os cidadãos serem justos e abandonarem, de uma vez por todas, a hipocrisia. Caso contrário vamos proibir também os desenhos animados porque os mesmos albergam violência, batalhas e mortes; os filmes, nos quais os traços de veemência e barbaridade abundam; os reality shows, uma vez que os mesmos aquartelam linguagem lesiva e comportamentos pouco dignificantes; os telejornais, pois abordam constantemente desumanidades; os concertos musicais, por incitarem ao consumo de álcool e de drogas; e os estabelecimentos de diversão nocturna pelos descomedimentos que aconchegam.

Para a minha família, este Verão está a ser mais silencioso e cinéreo do que é habitual. Esta condição está profundamente associada ao facto de as touradas não desfilarem nas grelhas de programação dos canais de televisão portugueses. Referir também que os canais, onde os touros e as touradas são os “protagonistas”, disponíveis em alguns operadores de televisão por subscrição também não concedem um serviço integral aos aficionados e à festa brava portuguesa, uma vez que focam as suas transmissões nas touradas espanholas e sul americanas.