O coração no coração de quem se amou com afeição.

A janela encerrou-se com a tua partida
Roubaste na escuridão os meus planos e os meus livros
A casa ficou deserta na medula de uma viela esquecida
Uma redacção triste e uma cidade em escombros.

Outras assombrações surgirão certamente
Há um bálsamo que ficou no nosso quartel
Esboços de deleite no leito que outrora foi ardente
Um pretérito imperfeito com alguns diagramas de mel.

Sei que existiu um período em que tu e eu degustámos a palavra amar
Caminhámos como dois amantes entusiastas e verdadeiros
Voámos pelas areias, e escoltámos as estrelas e o mar
Fomos a cara um do outro em noites fantásticas de magnânimos odores.

Ainda tenho bem presente a textura dos teus seios
E o decote aberto de sedução e tentação
A claridade da alvorada, e o teu corpo sem roupa e sem freios
O coração no coração de quem se amou com afeição.