Com o universo de cidadãos a diminuir, iremos ter setores com falta de mão-de-obra. Algumas organizações, antevendo isso mesmo, começaram já a fazer reserva de recrutamento e processos de admissão.

Em Portugal, já o sabemos, somos poucos e cada vez menos. Por isso as entidades, as organizações e as empresas vão começar uma luta pelas pessoas. Todos vão tentar assegurar jovens quadros e tentar que os seus quadros não abandonem as empresas e as organizações. Faltam militares, por exemplo, e faltam quadros técnicos nas empresas. O talento vai ter de ser protegido e se possível “retido”.

Com o universo de cidadãos a diminuir, iremos ter setores com falta de mão-de-obra. Algumas organizações, antevendo isso mesmo, começaram já a fazer reserva de recrutamento e processos de admissão. Creio que alguns apenas dão começo aos procedimentos sem necessidades efetivas no presente, alongando as fases de recrutamento apenas para garantirem mão-de-obra no futuro.

Sabemos que há setores com dificuldades de recrutar. São públicas a dificuldades na construção, no turismo e na agricultura, mas também na instituição militar, que está condicionada nos salários e pouco competitiva.

Assim, assegurar que os melhores não quebram fidelidades com as organizações e empresas, é um enorme desafio. Reter talento vai obrigar a novos compromissos  entre lideranças atentas e promotoras de formação e realização profissional.

O salário e outras condições serão importantes na hora de cativar os trabalhadores a ficarem, mas, como não estamos isolados, se o nosso melhor cliente ou fornecedor não retiver ele próprio a sua capacidade produtiva de modo a garantir as entregas, a nossa empresa será atingida por essas externalidades negativas. Ao lado do salário concorrem muitos outros fatores, tais como a possibilidade de crescimento em conhecimento e formação. Ora, mais saberes e instrumentos de conhecimento farão com que esse talento tenha ainda maior procura por outras organizações que não tiveram custos formativos e por isso podem oferecer salários mais atrativos.

Com as taxas de desemprego a cairem, só não trabalha quem não quer. E os recrutamentos ficam mais difíceis. Mudar de camisola envolve custos para premiar esse risco ou saída da “zona de conforto”, como se diz. Por isso, mais do que recrutar de novo – quadros que não há – as empresas têm de fazer um esforço para manterem os quadros que já detêm e que formaram, renovando motivações e estímulos, financeiros também.

E as carreiras serão necessariamente mais longas…