Sabemos não ser esta uma condição apenas lusitana. Estão connosco outros países do Sul da Europa, e outros por onde passámos na história dos povos, mas isso não desculpabiliza menores atenções no presente.

“Estamos demasiado à justa para sermos capazes de ser resilientes e manter mínimos estruturados de resposta planeada perante as adversidades, sejam elas impulsionadas pela ação humana ou por causas naturais.” Esta frase de António Galamba, define o que é o planeamento estratégico – ou a falta dele – no nosso país. E, podemos dizê-lo, assim é pelo menos desde os descobrimentos. Somos mais reativos do que planificadores. Somos melhores a desenrascar do que a antecipar cenários…

E será assim, muitos o dirão, por não termos recursos humanos e técnicos para um eficaz planeamento. Mas, face a um problema, sobretudo quando ele é grande, acabamos por encontrar soluções, embora algumas delas muito caras…

Reagir é tantas vezes mais caro do que antecipar… e muitas das externalidades negativas costumam exprimir-se em imensuráveis perdas humanas; pelo que sempre poderíamos tentar que o diagnóstico prospetivo nos desse algumas respostas e nos evitasse problemas maiores…

Sabemos não ser esta uma condição apenas lusitana. Estão connosco outros países do Sul da Europa, e outros por onde passámos na história dos povos, mas isso não desculpabiliza menores atenções no presente.

No fundo, sabemos tanto das coisas e da mãe natureza que já só somos surpreendidos quando queremos. Por exemplo, sabemos que as casas próximas do mar correm perigo, e continuamos a construir em cima da maré. Sabemos que teremos períodos de seca e desperdiçamos água que não somos capazes de reter. Sabemos que a chuva será cada vez mais rara, mas períodos de precipitação intensa vão fazer estragos se não anteciparmos os efeitos. Sabemos que as alterações climáticas e a desocupação do território trará consigo grandes incêndios, e, apesar do tanto que sabemos, parecerá uma inevitabilidade quando ocorrerem.

Sabemos que lutamos contra uma invertida pirâmide demográfica e pouca atenção as escolhas públicas lhe dirigem. Sabemos que os preços das casas dispararam para além do razoável e apenas aceitamos ir viver para longe do local de trabalho. Sabemos que a banca já correu riscos no passado e sabemos como esse filme acabou a preto no branco para os contribuintes. Sabemos que alguns dos sistemas (saúde, segurança social…), que hoje parecem sustentáveis, poderão não o ser num futuro próximo…

Ainda assim, negaremos sempre todos os sinais e evidências e a seu tempo lá reagiremos, como sempre o temos feito no passado…