Num momento em que a apreensão coletiva para o fenómeno da baixa Natalidade é já uma realidade que perpassa todas as ideologias, mais ou menos sociais, mais ou menos liberais, convinha ouvir os especialistas nas áreas da educação e da psicologia da criança, para vermos se estamos corretos na abordagem que (quase todos) fazemos hoje da educação de um filho, e que impede que ele tenha irmãos: É muito caro!

Verdadeiramente, hoje a Escola Pública parece não chegar para educar e formar os crânios que hão-de vencer no competitivo mundo de amanhã. Qualquer pai, e toda a família de uma criança, desdobra-se em “investimentos” para que não falte nada à criança, seja roupa de marca, sejam brinquedos de elevada sofisticação e tecnologia – alguns deles geradores de rendas para utilização com internet, por exemplo – sejam as dezenas de ocupações pedagógicas e extra-curriculares, formatando as crianças para uma longa carreira de aprendizagem e em áreas sucessivamente mais abrangentes. Não tarda e ensinar-se-á o mandarim (chinês) no 1.º ciclo, porque o futuro o exigirá…

 

Muitos pais pagam impostos e não chegam a usufruir da Escola Pública para a formação dos seus filhos, voltando a pagar em propinas o que já estaria pago por força da fatia dos impostos destinada à educação. Torna-se assim impossível ter mais de um filho, mesmo para os que não teriam problemas financeiros à partida. E depois, para além da educação e do engrandecimento curricular, os equipamentos áudio e de comunicação (o menino tem de ter um telemóvel, um tablet ou mesmo um portátil), tem de fazer inúmeras viagens de estudo, incluindo o “levantamento topográfico” das praias do sul de Espanha em viagens de estudo de finalistas.

 

Depois, ainda se poderá estar a cometer um erro enorme de manter os filhos como crianças perpétuas, sempre debaixo das asas, proporcionando-lhes formações e pós-formações, mudanças de curso, especificações, fazendo-lhes crer que até aos “Entas” são uns eternos jovens, que não precisam pensar em filhos, porque isso era uma chatice do tempo dos seus avós e que por isso não tiveram tempo para si próprios. Depois, bem, depois até podemos desaparecer enquanto país, mas eternamente mimados.