Podemos seguramente afirmar que a tourada é um espectáculo tradicional de Portugal, França e Espanha, assim como de alguns Países da América Latina.

O sumo do espectáculo envolve a lide de touros bravos através de práticas conhecidas como arte tauromáquica. Ao contrário do que alguns asseguram, o número de espectáculos tauromáquicos em Portugal não tem diminuído. Cada vez há mais aficionados da festa brava.

Na realidade, torna-se imprescindível que os aficionados “destapem” e coloquem no seu lugar, em formatos viscerais, os movimentos “anti touradas”. Os amantes das touradas têm robustez e inteligência para fazer titubear qualquer logótipo, mercadoria, planeamento ou organização. A protecção, argumentação e defesa da festa brava aquartelam milhões de rostos, sendo os mesmos capazes de dignificar o touro e amar incondicionalmente as touradas. É extraordinariamente correcto ensinar aquilo que as touradas doutrinam.

As touradas constituem espectáculos onde a violência e a tortura jamais têm lugar. As transmissões televisivas das touradas nunca proporcionaram imagens susceptíveis de impregnarem desfavoravelmente a formação da personalidade das crianças, dos adolescentes ou até dos adultos. Logo, podemos referir convictamente que as touradas nunca constituíram nenhuma espécie de estímulo à violência.

Apesar da profunda discussão que o tema touradas provoca na sociedade portuguesa, devido principalmente à sua dimensão cultural, sabemos actualmente que o itinerário do desenvolvimento não passa pela “desistência” da festa brava. A escolha da modernidade terá que continuar a agasalhar texturas tauromáquicas, uma vez que as mesmas aquartelam contextos éticos bastante elevados. A exposição pública de touradas nunca provocou impactos emocionais contraproducentes em quem assiste.

A tradição patenteia o espírito e a alma dos povos, logo as touradas devem ser imortalizadas e nunca aniquiladas. Será que as touradas não representam, em larga escala, a alma de um País? Será que a “alma” não expõe a configuração mais nobre, distinta, perdurável, ética, intensa e penetrante do psiquismo humano?
A tourada pode ser definida como um espectáculo de massas onde se salientam os trajes e o talento dos protagonistas; a pigmentação, a cintilação e o calor dos aficionados; a formosura e o treino dos cavalos; a imponência dos touros; as estéticas e harmoniosas aclamações; a agradável e colorida emoção; o perfume dos movimentos; a linda sinuosidade dos desfiles; a inexistência de violência; e a sumptuosidade da música. Na verdade, os aficionados da festa brava, os toureiros e os forcados idolatram e respeitam os touros como ninguém.

As touradas acabam por eternizar uma tradição que tem inúmeros “princípios” históricos. Os pais que levam as crianças e os adolescentes às touradas acabam por estar a partilhar com as mesmas um espectáculo extraordinário que lhes proporcionará uma benévola coadjuvação para a sua educação e formação. Será que não é triste que uma minúscula minoria, microscópica mesmo, pretenda prescrever as regras da sociedade e transformar a nossa própria cultura? Será que esse fedorento moralismo europeu tem alguma hipótese de triunfar? Será que esta minoria puritana não é excessivamente e estupidamente belicosa nos procedimentos incongruentes que emprega?

O recente e desengraçado puritanismo perfilha a troca dos direitos humanos pelos direitos dos animais e dos vegetais. Infelizmente habitamos numa sociedade de antagonismos em que alguns cidadãos defendem o fim das touradas e, concomitantemente, aprovam a dilatação do prazo para abortar. É necessário estar sempre de pé atrás com os puristas contemporâneos, uma vez que os puristas sempre foram, ao longo da história, inimigos dos seres humanos. O puritano pode ser definido como um fanático que subjuga toda a realidade, em moldes irracionais e infecundos, à vontade da sua própria concepção. Será que um puritano, se a sua mundividência fanática o aconselhar, não confunde, por exemplo, a condição humana com a condição mineral? Será que o puritano moderno não é um cidadão urbano que perdeu a ligação e a convivência com a “cláusula” humana? Será que o puritano não pode ser contemplado como um indivíduo que se distanciou da realidade concreta, corpórea e objectiva? Será que os puritanos que fazem parte dos movimentos “anti touradas” sabem que sem touradas, os touros não tinham razão de existir? Será que o Universo perfeito pode ser edificado por acção dos puritanos? Será que o puritano não tenta proibir sem utilizar critérios lógicos? Será que dentro de um puritano não habita um pardacento fascista? Será que tudo aquilo que é incompatível à realização da quimera do Universo perfeito não passa a ser um tabu moralista? Será que é correcto equiparar um ser humano a um animal irracional? Será que os puristas não desfilam num mundo surreal? Será que os pseudo defensores dos animais sabem em que contextos e condições são criados os animais para consumo humano? Será que os mesmos têm conhecimento de quantas espécies endémicas estão em risco de extinção em Portugal? Será que essa cambada de iluminados sabe quais são os resultados e as consequências provenientes do consumo diário de toneladas de rações animais? Será que os mesmos não têm mais nada que fazer do que tentar impedir que os outros gostem daquilo que eles não gostam? Será que esses “mal vestidos” não se deviam preocupar com aquilo que realmente faz a diferença, ou seja as matérias que são verdadeiramente importantes para o País?

Sugiro aos pseudo defensores dos animais que acabem com a pesca desportiva; as corridas de cavalos; as demonstrações equestres; a columbofilia; os circos; os aquários; as amêijoas à “Bulhão Pato”; a aquicultura; a sardinha assada no pão; a cavala em conserva; e o chouriço fumado. Na realidade, pretender anatematizar as touradas demonstra desconsideração pela tradição milenar.

A tourada é uma demonstração de devoção e adoração, assim como uma vassalagem à força, resistência e robustez do animal. As corridas de toiros devem ser saboreadas e desenhadas como autênticos momentos de arte. Imensos turistas assistem às touradas, saindo das mesmas como verdadeiros aficionados. O resultado final acaba por ser uma “publicidade” bastante favorável em relação ao nosso País.

Os fanáticos, como são os cidadãos que pertencem aos movimentos “anti touradas”, podem ser descritos como indivíduos munidos de agressividade desmesurada; preconceitos variegados; inflexibilidade e estreiteza intelectual; extrema credulidade; intensas teias de ódio; absurdo individualismo; incapacidade para argumentar racionalmente; e inaptidão para admitir outros pontos de vista.

O Estado já devia ter afirmado que os subsídios “dedicados” às touradas jamais podem ser considerados de despesismo, assim como asseverado que as touradas são parte integrante do nosso País e que merecem o respeito integral de todos os cidadãos. A natureza ofereceu aos humanos a capacidade de se inquietarem e resolverem múltiplos problemas de modo simultâneo. A crise que Portugal atravessa não interrompe toda a realidade que existe para além da mesma.