Durante muitos anos sobretudo os habitantes das zonas rurais comiam sobretudo o pão deste cereal. A produção de centeio nos distritos da Guarda e Bragança era de tal maneira elevada que havia problemas de escoamento desta produção. Os consumidores urbanos não gostavam de um pão puro de centeio. No entanto a farinha misturada com a do trigo foi a solução encontrada para este problema. Nasceu assim o pão de mistura. Hoje a proporção do centeio na mistura é mais do que reduzida, mesmo quando o pão é vendido como sendo apenas de centeio.
Hoje os tempos são diferentes a cultura do centeio quase que desapareceu da zona da Guarda. A pouca produtividade e os preços muito pouco compensadores, cerca de 15 cêntimos o quilo, afastaram os agricultores desta cultura. Peante o flagelo dos incêndios era de todo necessário voltarmos a esta cultura Esta criaria zonas de descontinuidade que facilitariam o combate aos incêndios florestais. Diria mesmo que a verdadeira solução para o problema dos incêndios passa sobretudo pelas zonas de descontinuidade a criar sobretudo com esta cultura.
Põe-se a questão se é possível ou não voltar à cultura do centeio? Penso que é possível!
Primeiro é necessário que apareça uma instituição sem fins lucrativos, que elimine os intermediários e capaz de valorizar o produto de maneira que possa ser vendido a preços acima do mercado. Esta instituição deve controlar a fileira desde a moagem ao fabrico do pão. Considerando a valorização do produto é possível pagar o centeio a cerca de 35 a 40 cêntimos o quilo, de maneira que o agricultor se sinta atraído para a atividade.
A solução não é fácil de implantar mas é de todo necessária, é possível, assim os homens de boa vontade o entendam necessário. A sustentabilidade do mundo rural exige uma solução destas.