Estando nós no mês de Janeiro de 2019 iniciamos mais um ano novo. A questão que mais depressa me assalta é se é apenas mais um ano novo ou se se tratará de um novo ano, de esperança renovada, auspicioso, produtivo e motivante.
Pela montra que nos é dada a conhecer pelo dia a dia, pelos nossos meios de comunicação social, antevê-se um pessimismo redobrado na análise do que será este novo ano.
A contestação social está ao rubro, as greves passaram a ser mesmo moda (e é porque se diz que está tudo muito melhor!), aquele bem que é vital e tanto nos preocupa que é a Saúde está na ordem do dia pelos piores motivos, com números ultra deficitários no que a contas diz respeito, listas intermináveis de espera nas cirurgias, administrações hospitalares com demissões em bloco; a educação com os professores na rua diariamente na luta por um número que é o 942, mas que lhes diz muito em termos de carreira e euros; a justiça a ter uns laivos de clarividência que rapidamente são ofuscados com medidas e decisões que prolongam a agonia de quem quer ver punidos os prevaricadores mor cá do reino…etc, etc, etc.
Não sou adepto do falar mal só por falar. Devemos incentivar, admitir e aplaudir as boas medidas independentemente da sua proveniência, mas o facto é que as últimas medidas que têm sido anunciadas pelo Governo apenas trazem a capa de um ano eleitoral, são investimentos públicos atrás de investimentos, anunciados claro está, trazendo pelo meio o beneficio da redução de portagens para veículos de mercadorias que muito agradecem as empresas directamente visadas, que estamos cá para aplaudir, mas e o resto?
E o Zé Povinho que paga portagens diariamente para ir daqui para ali, muitas vezes sem alternativa possível, que se desloca para o trabalho, que tem que ir a uma consulta ou, porque não, que quer fazer turismo, esse serviço tão precioso que foi o elixir no período da profunda crise económica?
Queríamos ir ao litoral mais vezes, queríamos ter cá mais turistas, mais familiares que nos visitassem provenientes dos grandes centros, estudantes que mais vezes queriam vir no fim-de-semana, mas não, nós não merecemos qualquer redução no preço das portagens nem tão pouco sequer falar de uma isenção para este Interior profundo.
Vai ser de facto e na verdade um ano difícil, um ano que antevejo muito virtual, ou seja, os portugueses irão passar por dois processos eleitorais, europeias em maio e legislativas em Outubro, implicando isto muita informação em catadupa, muita ilusão pelo meio, muita ansiedade e expectativas que vão estar assentes precisamente nesse universo de promessas e decisões que podem ser apenas provisórias e que findo o ano poderemos olhar para trás e contabilizar este ano como apenas mais um ano das nossas vidas, sem grandes ganhos efectivos e sem margem para grandes expectativas para o futuro.
No fundo, avizinham-se grandes decisões na vida europeia, alterações constantes nos governos e decisores políticos, uma precaridade cada vez mais visível no projecto europeu de união económica e monetária e tudo isto nos faz pensar que andamos a brincar às casinhas cá no nosso cantinho e ao nosso redor existem “tsunamis” e “terramotos” em formação que nos irão debilitar se não nos precavermos e consolidarmos a nossa posição económica e socialmente.
Um desejo para este ano é sem dúvida que a coesão territorial fosse realidade de uma vez por todas, que o Interior passasse das agendas dos sucessivos Governos para o terreno com medidas e acções concretas e sobretudo que quem governa deixe de encapotar medidas com outras, nomeadamente permitindo a redução do preço dos combustíveis numa semana e na outra seguinte apresentar o acréscimo de um imposto que elimina a redução anterior e ainda agrava o preço anteriormente vigente.
Que se faça política clara, directa, pragmática e que promova o bem comum!