É certamente oportuno referir que o transporte privado individual, frequentemente efectivado por automóvel ou mota, acaba por ser uma ameaça à concretização das políticas sustentáveis de mobilidade.

As cidades reúnem os cabimentos de produção, laboração, serviço e ócio. O semblante da organização dos espaços públicos influencia visceralmente o quotidiano dos indivíduos.

O trânsito acaba por ser uma autêntica competição pela posse do espaço físico, espelhando uma verdadeira disputa pelo tempo e pelo “ingresso” nas infra-estruturas urbanas.

A mobilidade no meio urbano abriga um temperamento intrincado, sendo árdua a incorporação das dissemelhantes expectativas e desejos dos inúmeros utilizadores. O sistema e os adjacentes equipamentos devem promover não só encadeamentos apropriados entre a oferta e a procura, como também elevados retábulos de desenvolvimento sustentável.

O sistema urbano de transportes abarca uma imensa multiplicidade de feições de transporte que podem ser repartidos em dois conjuntos, o individual e o colectivo.

Os transportes públicos devem representar liberdade e autonomia, sendo elementares para a mobilidade nas cidades. Cabe aos “tutores” dos transportes públicos, de forma a aperfeiçoar os índices de qualidade da mobilidade, edificar medidas intermodais e demonstrar que os mesmos são uma alternativa profícua ao uso do automóvel particular.

Neste sentido, podemos afirmar que o desenvolvimento urbano eficaz e sustentável necessita da perfilhação e promoção de soluções de apoio que incluam formatos de transporte menos poluentes e mais competentes. Será que o “indigitamento” de modelos de mobilidade mais sustentáveis não tem que passar pela confecção de políticas e estratégias mais imparciais e pela adopção de mecanismos de discriminação positiva?

Será que não se devem contemplar duas configurações aquando da definição das políticas de transporte, uma vocacionada para a análise global, e outra mais direccionada para a óptica do “departamento” dos transportes?

É certamente oportuno referir que o transporte privado individual, frequentemente efectivado por automóvel ou mota, acaba por ser uma ameaça à concretização das políticas sustentáveis de mobilidade, pois está coligado à diminuição dos índices de utilização de outros meios de transporte, particularmente o dos autocarros urbanos.

A grande utilização do transporte privado patenteia unicamente que vivemos em cidades abonadas e que afinal possuímos meios suficientes para saciar as necessidades de transporte de toda a população.

Mas será que esta condição é assim tão linear? Será que as cidades são ricas? Será que os meios chegam da mesma maneira a todos os “quadrantes” populacionais?

Será que o desenvolvimento da indústria de transportes, saboreado como um único conjunto, não constitui um verdadeiro esbanjamento? Será que os factores e agentes de produção da economia não necessitam de mudanças nos seus paradigmas de investimento?

Na realidade, o automóvel garante aos seus utilizadores superiores contextos de bem-estar, independência e elasticidade. Infelizmente os mesmos, em diversas ocasiões, são utilizados como “alusões” sociais e económicas de cidadãos e empresas. Todavia, também acarretam investimentos avultados nos períodos de aquisição e conservação, assim como maiores taxas de sinistralidade e de consumo de energia.

A qualidade de equipamentos de apoio deve ser ajustada às indispensabilidades dos seus utilizadores, bem como agasalhar elevados patamares de visibilidade em contexto urbano.

Será que não é necessário melhorar as infra-estruturas de apoio aos transportes públicos? Será que o sistema de transportes aconchega desafogadas doses de credibilidade?

Será que os problemas financeiros de certos Municípios não condicionam o modelo de transportes públicos? Será que o uso dos transportes públicos é atractivo?