Para os indivíduos se entenderem a si mesmos, necessitam compreender as conjunções das suas próprias vidas.

Os cânones católicos da história entendem e defendem que são eles próprios que constituem a história da salvação humana. Apregoam não só que a história é da humanidade e não de pequenos conjuntos de pessoas, classes sociais ou Países, como também que o delineamento de salvação perfilhado por Deus compreende a totalidade dos indivíduos.

Será que existe algum esboço salvífico de Deus? Será que o mesmo não se “concretizará” sem o completo assentimento da humanidade? Será que a aplicação e a finalidade da história se referem à temporalidade ou à perpetuidade?

Será que não existem dois tipos de Universo, o corpóreo e o metafísico? Em qual deles se realiza a história humana? Qual o caminho que a história deve adoptar para endereçar os homens? Será que o desfecho final não depende integralmente da vontade e determinação humana?

Segundo a sapiência da Igreja Católica, qual foi o princípio da história? Será que o homem não perdeu a eternidade quando conquistou conhecimentos e erudições não conjecturadas por Deus? Será que se os homens acompanharem os mandamentos da Igreja e a doutrina de Deus estarão a salvo?A Salvo de quê?

Será que os princípios católicos reflectem harmonia social? Será que em diversas ocasiões, os mesmos não espelham a desordem social? Será que a humanidade encontra alguma substância no final de seu trajecto?

O encadeamento entre Estado e Igreja remonta à Antiguidade, no qual, e em inúmeras conjunções, se confundiam e se miscigenavam as “patentes” dos chefes de Estado e dos cabecilhas religiosos da época. Será que a liberdade religiosa sempre se envolveu com as liberdades espirituais?

Será que a sua interiorização e exteriorização não constituem configurações de desprendida “divulgação” do pensamento? Será que a Constituição preadivinhou essa liberdade de modo cristalino? Será que a liberdade religiosa algum dia se efectivou?

Será que a mesma muralhou toda e qualquer correspondência entre Igreja e Estado? Será que muitas dessas correspondências não são obtusas e pardacentas? Será que a expugnação constitucional da liberdade religiosa conseguiu ser uma autêntica confirmação de maturidade e sensatez de uma Nação?

Será que a religião orienta sempre as nossas meditações e comportamentos? Será que a religião não acaba por abranger a fé, a ética e o culto? Será que por vezes os mecanismos da religião não são sórdidos?

Será que em algumas circunstâncias a religião não menospreza as pessoas? Será que a história da Humanidade não está carregada de atrocidades cometidas pelas Igrejas? Será que a Igreja Católica não é uma instituição que agasalha inúmeros verbos-de- encher?

Será que por vezes o Clero não cheira a putrefacção? Será que o mesmo não se aproveitou, e aproveita, dos cidadãos de uma forma impiedosa? Será que alguns dos maiores bandidos da história da Humanidade não pertenceram, ou ainda pertencem, aos seus quadros?

Porquê adorar Deus? Porquê confessarmo-nos a pecadores? Será que a história de Deus não constituiu um plano maquiavélico e manipulador que se arrastou até aos nossos dias? Será que no Vaticano não desfilam inúmeros corruptos? Será que o povo não andou sempre enganado? Será que a Igreja Católica não é um atraso de vida?

Na verdade, temos que respeitar as “vocações” dos outros, contudo expressar a nossa opinião é, e será sempre, salutar e reconfortante. A coerção ao homem acaba por patentear a insubordinação em relação à multiplicidade “democrática” de ideias e razões.

Será que o mundo não é desigual, periclitante, volátil, desunido e indefinido? Será que não é benigno existir um certo grau de incredulidade em relação à materialização da verdade, à cronografia e aos dogmas?

Vivemos tempos em que a comunicação e os seus instrumentos agasalham uma colossal relevância. A observação do homem já não se encarreira para a natureza, mas sim para as telas da televisão. Será que actualmente os paradigmas fechados e os fundamentos consistentes não são colocados em causa constantemente?

Será que a pós modernidade não assinalou a superação da modernidade? Será que a pós modernidade não é um estilo de pensamento que suspeita dos conceitos modelares de verdade e de razão? Será que a mesma não escolta a ideia de desenvolvimento universal?

Acredito que a Igreja Católica contemporânea viva numa amiudada voltagem. Possivelmente tem alguns aspectos positivos. Provavelmente a mesma não tem a percepção se realmente está no mundo ou se é do mundo. Talvez seja a tensão cultural.

Possivelmente a tensão que desenha o calabouço cultural da Igreja. Será que a Igreja Católica não corre riscos por estar subordinada a essa espécie de cativeiro? Será que o modelo cultural e social contemporâneo não apresenta uma contracultura?

A Igreja Católica, tal como acontecia com o Estado, sempre esteve preocupada e interessada em “conceber” cidadãos “debilitados”, analfabetos e profundamente distraídos, uma vez que superintender indivíduos depressivos e de parcos conhecimentos era bastante menos complicado.

A manipulação e a ausência de robustez psicológica para protestar, por parte da maioria dos cidadãos, acabavam por constituir condições essenciais para solidificar a teia montada pela Igreja. Será que a venda de felicidade, por vezes em lotes fora do prazo de validade, não é um caminho “promissor”?

Para os indivíduos se entenderem a si mesmos, necessitam compreender as conjunções das suas próprias vidas. As pessoas parecem não ter nenhum porto de abrigo, uma vez que as mesmas são persistentemente convidadas a seguir múltiplos sentidos e direcções absolutamente diferentes.

Outrora os “artistas” procuravam perscrutar novos espaços, incitando os contextos de entorpecimento ao informar o público das suas descobertas e concepções. Na verdade, as mesmas conseguiam ultrapassar tudo aquilo que era entendido pela população. Essa espécie de profetas tinha certamente algum poder.

É seguramente oportuno referir que a faceta cosmética e supérflua existente no capitalismo também se manifesta na Igreja Católica. Será que o Evangelho tem soberania e monarca?

Será que o Evangelho aquartela algum tipo de compromisso? Será que a Igreja está isenta da influência do Universo da adulteração e da transcrição?

Existe um pseudo-Evangelho que não pretende que os cidadãos mudem. É fulcral mandar nas nossas próprias vidas. O Evangelho não requisita compromisso, mas sim emoção. Será que a fé cristã não é uma forma industriosa de os indivíduos se acomodarem às situações?

Será que a fé cristã não constitui uma autêntica barreira ao aperfeiçoamento social? Será que não devo comprometer a minha fé perante a razão e o raciocínio crítico?

A ciência e a técnica modificaram visceralmente o mundo e o homem. Despontaram novos dilemas nas conexões interpessoais, tanto na superfície da fé, como na da ciência, que não se dissipam com esclarecimentos antiquados e instantâneos.

A falência moral existente na nossa sociedade está “bem” testemunhada. A sociedade em geral não compreende o motivo pelo qual a mesma faliu moralmente. Através da Bíblia podemos, de um modo célere, compreender algumas das razões que levam os indivíduos a conviver com problemas de grande dimensão e de trabalhosa resolução. Será que os cristãos não são vítimas das mesmas imperfeições e sombras dos não cristãos?

Nas maiores cidades do mundo, as “congregações” têm aumentado consideravelmente, todavia a realidade das cidades é significativamente pior. Será que o facto de a Igreja Católica não ter analisado correctamente o suporte e o argumento cultural na enunciação da sua doutrina de fé não lhe impôs um conjunto de entraves e dubiedades?