No dia 16 de Agosto assistimos, no canal de televisão Sociedade Independente de Comunicação (SIC) e no âmbito do programa “Olhá Festa”, a um dos momentos mais deploráveis da televisão portuguesa.
Sem qualquer pudor, acompanhando de perto as mais acutilantes práticas “putinistas”, o referido programa simplesmente censurou todo um Povo Raiano. Em boa verdade, algo nunca visto!
A SIC censurou todos os testemunhos sobre a Capeia Arraiana, tendo cortado dos ecrãs a vivência própria das gentes que cultivam tão nobre tradição. Mas, não foi seguramente por acaso. Foi uma opção motivada por a agenda própria da SIC que está alinhada com o politicamente correcto, pelo que, neste caso, o recurso à censura e à discriminação do Povo Raiano acabou por ser um acto totalmente deliberado para satisfazer a força de alguns partidos políticos, como sejam o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza (PAN).
É muitíssimo mais cobarde a censura perfilhada pela SIC, do que aquela que é praticada pelo regime “putinista”, pois esta é concretizada às claras e sem rodeios. Continuamos a sentir o perigo! Não dos bois, que esses já conhecemos e amamos, mas dos homens, daqueles que, firmados na sua altaneira arrogância intelectual, atacam a Capeia Arraiana.
A censura praticada pela SIC, revestindo-se de opções editoriais ditatoriais, assume características bem mais subtis, pois sob a capa da democracia deixa o Povo vítima desta vil e baixa censura sem quaisquer armas.
O “desequilíbrio” entre esta visão “urbana-litoral”, despida de respeito pelas tradições, e os defensores da identidade raiana é por demais evidente. Todavia, esta escolha deliberada de censura por parte da SIC, para além da indisfarçável motivação, constituiu um rude golpe na liberdade de expressão, procurando esconder do resto do País a identidade de um Povo que se mantém firme na defesa e na protecção da sua alma identitária. A Capeia Arraiana é a nossa alma identitária!
É uma conduta discriminatória que tem como finalidade, em última análise, quais talibãs, apagar da memória colectiva uma tradição única, secular e leal. Estes ditadores tentam, a todo custo, promover o genocídio cultural da raia. Esperamos, pois, que tantos paladinos da liberdade reajam e este indecoroso atentado à cultura que, a par da sua intencionalidade xenófoba na destruição dos valores de um Povo, representa um retrocesso civilizacional. Afinal, em Portugal também se destroem estátuas de Buda!
Neste ignóbil ataque à raia, expresso e traduzido no silenciamento de todos os que comungamos a tradição da Capeia Arraiana, não foi apresentado qualquer testemunho, apesar de a SIC ter entrevistado, no terreno, diversos raianos. Por mim, declaro a SIC “estação de televisão non grata” e apesar de pretender redesenhar o Tratado de Alcanizes, eliminando este território de Portugal, nós somos a expressão viva da portugalidade e da diferença que torna o nosso País tão rico.
Este documento vai ser lido na Assembleia Municipal do Sabugal e na Assembleia Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, órgãos deliberativos dos quais faço parte, assim como vai ser remetido a todos os Grupos Parlamentares representados na Assembleia da República, com excepção do BE, PAN e Livre, conhecidos, estes, pelo seu desprezo e desapego em relação ao Interior e ódio universal a todas as tradições.