Vivemos hoje em dia inundados por notícias que desde que acordamos até que nos deitamos nos deixam aterrorizados e completamente descrentes do universo humano.
Não há dia em que não venha a terreiro uma notícia de um homicídio macabro, de um homicídio seguido de suicídio, de uma violação, de um desaparecimento, de um rapto, de um atentado em maior ou menor escala, etc, etc, e etc.
Primeira ilação a tirar? Os valores da Humanidade estão invertidos, corrompidos na totalidade. Em seguida podemos concluir, ou eu pelo menos tenho essa ideia, que a liberdade que tanto custou a conquistar está hoje completa e totalmente banalizada, diria até, prostituída.
O que pretendo dizer é que ao longo de séculos o Homem lutou incessantemente para conquistar direitos, liberdades e garantias que pudessem conferir à vida um sentido mais lógico e desprendido de opressões e diferenças.
Contudo, o alcance do pretendido deu-se de uma forma tão magnânima que o próprio Homem ultrapassou em larga escala o objectivo e transformou a liberdade tão ansiada em excessos que hoje são a porta aberta para a auto-destruição humana.
Não há uma área, um acontecimento da vida que não peque por excesso na forma de acontecer, na forma de ser tratado e resolvido.
A justiça é como todos sabemos, o desporto é um mar de interesses, a política não deveria ser para todos, a economia mudou de paradigma há muito, a sociedade é uma manta de retalhos, o mundo à escala global mostra o que de pior tem quando deveria apenas conjugar o que de melhor teria para oferecer…
Os nossos filhos vivem hoje em redomas, por medos, por protecção exacerbada, por preconceitos, contrariamente à vida livre e desprendida de outros tempos na rua a desfrutar dos luares e condições naturais das nossas terras; os animais passaram a ter direitos necessários, claro está, mas de igual modo exagerados, sendo-lhes conferido estatuto que há muito foi retirado a seres humanos que costumamos apelidar de “idosos”; as forças policiais e de segurança foram oprimidas nos seus actos, haveria correcções a fazer mas nunca fazer com que primeiro sejam maltratados, sujeitos a humilhações e depois, quando actuam, ser-lhes imputada culpa de tal forma que em segundos passam de autoridade a réus de fácil condenação; os crimes são hoje punidos com penas leves quando são praticados de forma violenta, incompreensivelmente, quando outras vezes um simples descuido, um roubo para comer ou dar de comer é punido severamente; hoje actua-se ao nível da decisão por impulso, por reação e não tanto por acção concreta e pensada, isto é, se algo corre mal fecha-se a torneira de vez, não se fazem avaliações de riscos e sustentabilidade.
Em tudo o que aqui escrevo e exemplifico não ficaria bem o meio-termo? Com toda a certeza que sim. A natureza humana, com o desenrolar dos tempos, tornou-se sedenta de poder e concretizações desmedidas, perdendo o norte daquilo que é a coerência, o bom senso e a sã convivência.
Há quem diga que tudo na vida é cíclico… neste caso concreto tenho sérias dúvidas se haverá inversão de tendências…