Teoricamente, em maio de 2014 a Troika ir-se-á embora e o memorando finda.

Teoricamente voltaremos aos mercados nessa altura e haverá investidores a confiarem no nosso país, e as medidas de crescimento da nossa economia já não serão escrutinadas pelos que agora nos emprestam dinheiro sob pesadas condições. Infelizmente, não será assim. É demasiado mau o ponto de partida para que tudo possa ser assim tão fácil. O país foi levado pela encosta abaixo e agora recuperar está a ser demasiado penoso. Baixando o PIB, por força das medidas de austeridade impostas (já que mais não seja pela diminuição da despesa pública) pelos credores excecionais, a dívida pública subirá sempre percentualmente àquele. E existindo défice, que este ano será de 5,5% do PIB, significará que a dívida subirá, ainda, no exato valor dos defices. Mesmo a fazer-se tudo objetivamente bem feito, a dívida subirá para valores ainda mais insustentáveis, ultrapassando rapidamente os 130% ainda este ano. Aqui chegados, é mesmo insustentável o ajustamento. Os credores para além da Troika vão olhar para o valor do endividamento em percentagem do PIB e isso assustá-los-á muito! Ficaremos entregues a nós mesmos, que o mesmo é dizer, a perdão parcial da dívida que nos esmaga os sucessos alcançados com os atuais sacrifícios, e sujeitos a novo resgate, novo memorando e novas austeridades. Teremos entretanto oportunidade de mudarmos de Governo, mas as medidas serão as mesmas, “engolidas a seco” pelos que agora assobiam facilidades e veredas de felicidade e novamente impostas pelos credores “oficiais” da Troika. Trágico?! Muito!!! E tudo isto acontecerá e poderá ser comentado vivamente na televisão pública e com aplauso pela principal alma que aqui nos trouxe. Inacreditável. Oxalá alguém se preocupasse em ensinar o que verdadeiramente se passa aos portugueses, assim, sem rodeios, para sabermos quem colocou a pedra a rolar encosta abaixo e agora acha que pode parar o processo, quando as implacáveis leis da gravidade tornaram o plano absolutamente inclinável !