Não é preciso ser economista para se perceber que alguém está a enganar-se nas contas…

O crédito malparado ou de cobrança duvidosa disparou em Janeiro deste ano. Ainda assim não é alarmante, porquanto os portugueses são, em regra, cumpridores, nem que para isso tenham de “fazer das tripas coração” para cumprir esse objectivo. De um modo geral, gostamos de ter boas contas, ainda que possamos atrasar um pouco mais os pagamentos.
O exemplo que vem do Estado, nessa matéria, é estrondosamente negativo. Os prazos de pagamento alargam-se sucessivamente, e também os prazos de reembolso de IRS ou de IVA, arrecadados em demasia. Esse IVA devido às PME resolveria problemas de tesouraria e o IRS dos contribuintes, já cobrado na fonte em 2007 e mais do que o devido, ainda se mantém nos cofres do Estado até Setembro ou Outubro de 2008.
Em boa verdade os portugueses são uns heróis. Pagam mais juros do que os outros europeus e recebem menos juros pelos seus depósitos. Pagam mais pelos produtos petrolíferos, pelas viaturas e equipamentos, pagam mais pela energia consumida e ganham muito menos do que a média europeia. Não são de hoje as diferenças, mas a divergir como agora nunca mais os apanharemos.
É fácil atribuir a culpa à crise que vem de fora, numa economia aberta ao exterior… Mas nem por isso a razão explica a maior parte dos factos que fazem da vida dos portugueses um tormento. Vejamos um só exemplo: o petróleo, esse vil produto que se tornou central nas nossas vidas modernas e que arrasta consigo o preço de todos os produtos, ainda há poucos meses custava praticamente o dobro de hoje. Vejam-se os preços da gasolina e gasóleo nessa altura e comparem-se com os de hoje… deveriam estar a metade do preço, claro! Pura heresia, pois já toda a gente sabe e sente que os combustíveis sobem com o petróleo, mas não descem em caso algum! Parece haver uma comissão para aferir da situação mas as conclusões finais foram relegadas para o primeiro trimestre de 2009.
Por isso, a crise financeira internacional não pode explicar tudo o que se passa no nosso País. Nós temos culpa e muita. Não é preciso ser economista para se perceber que alguém está a enganar-se nas contas…