O aumento recente da carga fiscal sobre o trabalho mostra o desespero dos responsáveis em aumentar tributos que possam equilibrar as contas, ainda deficitárias, do Estado.

O défice ultrapassa os 5%, com forte derrapagem das receitas fiscais, que teimam em não crescerem, apesar da elevação das taxas, aumentando dessa forma a economia marginal ou o mercado paralelo. E este défice, subsiste mesmo depois de feitos enormes cortes na despesa pública, o que agrava todos os cenários futuros. Vimos do limiar da Bancarrota, é certo, e os nossos credores externos exigem, exigem, e podem fazê-lo, pois o dinheiro para tapar os défices é deles! E a cada novo défice, corresponderá sempre mais dívida ou mais impostos. Elevar para 36% as contribuições sociais sobre o trabalho, repartidos em partes iguais pelos empregadores e empregados, poderá trazer menos cobranças, pois a tentação para a fuga elevar-se-á e desta vez, ambos os sujeitos estarão de acordo ( tal como já acontece no IVA). Será bom para as empresas baixarem a carga fiscal de 23,75% para 18%, mas tal só traria oportunidades efectivas de emprego se essa descida fosse transformada num crédito fiscal aplicável em casos de criação de novos empregos. Tem, em minha opinião, de haver outra imaginação, mais criativa, justa, equitativa e responsável. Por exemplo, se as portagens fossem justas nas SCUTs, seriam mais contidas e haveria mais trânsito, e mais economia. Idem para o imposto sobre os produtos petrolíferos, sobre os automóveis e sobre o IVA, que deveríamos ajustar com Espanha (nos 21%) contrariando deslocalizações de consumo e aumentando o Universo tributável. Estas medidas teriam de ser explicadas a todos e constituiriam um desígnio nacional para começarmos de uma vez a ter excedentes orçamentais que nos permitissem reduzir a dívida!