Com o arrefecimento da economia, não é todavia líquido que a energia atinja preços elevados que só por si justifiquem verdadeiramente a inflação.

Chistine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, apontou recentemente a estratégia para lidar com a subida dos preços: subir os juros até a inflação regressar aos 2%. Juros mais altos retiram liquidez aos mercados por duas vias: ter depósitos e poupanças passa a ter remuneração de juros e os devedores à banca passam a consumir menos, pois uma parte do rendimento vai para a amortização de empréstimos mais caros.

Portanto, com menos dinheiro em circulação a economia vai arrefecer e muito, parece-nos. Mas até lá, ainda há muito dinheiro à ordem para consumir, mesmo a preços altos (que os consumidores parece terem perdido toda a racionalidade). Vejam-se, por exemplo, os custos com férias que os portugueses estão dispostos a pagar.

Por outro lado, quem nos garante que os grandes jogadores da economia mundial (China, por exemplo) não continuam a acumular bens, materiais e componentes para que o seu preço no mercado suba drásticamente, dominando a produção de bens de consumo final?!

E os efeitos da guerra?! Para além dos horrores que o povo ucraniano sofre diariamente – e cujos efeitos vão perdurar – sabemos que a economia ressentir-se-á em todo o mundo, sobretudo pelas questões energéticas, mas também alimentares.

Com o arrefecimento da economia, não é todavia líquido que a energia atinja preços elevados que só por si justifiquem verdadeiramente a inflação. Daí que, retirar a todo o custo dinheiro de circulação é agora a estratégia de médio prazo. Pelo meio, líderes políticos ocidentais vão sendo substituídos por eleitorados cada vez mais exigentes de resultados; que por agora não se vislumbram.