Claro que faltando 4 meses ainda pode muito acontecer. Em política a contagem do tempo é diferente, como se costuma ouvir.

Serão já em maio as eleições para o Parlamento Europeu que elegerão os 21 representantes dos portugueses. São eleições que vêm sendo marcadas pela forte abstenção. Nas últimas apenas um em cada três eleitores foram votar.

Dos que votaram, 245 mil fizeram-no em branco ou anularam o voto. Os discursos populistas de então, antieuropeus – quando precisamente a Europa nos emprestava dinheiro para socorrer as nossas “más contas” públicas – estarão certamente na base de tamanha falta de comparência dos portugueses a estas eleições.

Em 2014 o MPT foi a surpresa da noite (Marinho e Pinto), com 7,14% representando mais de duzentos mil votos e elegendo dois deputados; o PSD e CDS juntos atingiram 27,71% dos votos, ou seja, 909 932 votos, elegendo 6 deputados para o PSD e um para o CDS; o partido socialista obteve 31,46% dos votos ou 1 033 158 votos, equivalentes a 8 deputados; a CDU surpreendeu com 12,68%, ou 416 446 votos, com 3 deputados e aquém do seu valor o BE teve 4,56%, 149 628 votos ou um deputado (os 71 mil votos do Livre penalizaram o BE).

Claro que faltando 4 meses ainda muito pode acontecer. Em política a contagem do tempo é diferente, como se costuma ouvir.

De entre os grandes partidos não se conhecem ainda, nesta data, candidatos pelo PSD, tudo levando a crer que Paulo Rangel encabece as responsabilidades que não serão facilitadas, como adiante tento explicar.

Tudo se resumirá, parece-me, à luta pelo 21.º deputado. Vejamos:

  1. Passados 5 anos, o cenário mudou. O MPT parece não estar em condições de ter algum deputado, embora ainda seja cedo para se aferir se perde os dois mandatos ou apenas um;
  2. Afirmou-se o partido de Santana Lopes com desavindos do PSD e demais sociedade civil. A Aliança com os seus 4% poderá ter o seu primeiro deputado;
  3. Também o PAN reforçará a votação, mas ainda não deverá atingir votos suficientes para um deputado;
  4. Não obstante a devoção militante que carateriza a CDU, dificilmente manterá os seus quase 13% de então, pelo que muito provavelmente perderá um deputado, passando a 2 deputados;
  5. O CDS com o experiente e já conhecido Nuno Melo poderá aspirar ao 2.º deputado; para tal bastará que consiga ultrapassar os 260 mil votos, no que contará também com alguns eleitores da área social-democrata. Só a Aliança poderá complicar as contas ao CDS;
  6. O PSD, partindo das pouco favoráveis sondagens de hoje e do risco potencial de transferência de eleitores para a Aliança e para o CDS, parece poder manter os seus 6 deputados ou perder o 6.º deputado na disputa que se fizer do 21.º deputado entre PSD, PS e o BE. Ainda não se conhecem os candidatos e a estratégia eleitoral a seguir, mas não se apresenta fácil a vida deste partido europeísta;
  7. O BE tentará tudo para alcançar o seu 2.º deputado, tarefa que também não se apresentará fácil, embora não seja impossível. Disputará o 21.º deputado com o PSD e o PS;
  8. Por último e apesar de as eleições ao Parlamento Europeu serem muitas vezes aproveitadas para julgamento das políticas internas, neste quadro, o PS reforçará a sua votação de 8 para 9 deputados, podendo ainda disputar o seu 10.º deputado (ou o 21.º) com o PSD e com o BE.

Ainda faltam 4 meses, mas avança-se em jeito de prognóstico antes do jogo o quadro que, nesta data, reputamos provável para maio de 2019 e que se apresenta:

Nota: No quadro o 21.º deputado foi atribuído ao PSD, mas atentas as margens (de menos de uma dezena de milhar de votos), pode o PSD ficar com apenas 5 deputados e o 21.º pode ser atribuído ao PS, ficando nesse caso com 10 deputados ou ao BE, ficando nesse caso com 2 deputados.