O corpo manuseado e manipulado por arquétipos tecnológicos alcança uma importância simbólica.

Podemos seguramente afirmar que o erotismo é um fenómeno vigoroso, revolucionário e subversivo porque se move em direcção à junção dos seres.

Portanto, na direcção antagónica ao erotismo caminha a pornografia que teima em perseverar a amputação dos seres, através do consolo faccioso, aparente, epidérmico, interesseiro e egoísta.

O imaginário tecnológico, para além de fomentar variadíssimas abordagens científicas, também divulga o corpo como objecto essencial para a observação e compreensão das “vicissitudes” da época digital.

As representações dos corpos femininos, muitas vezes aportadas a uma beleza manifestamente ilusória e artificial, comportaram evidentes e explícitas mediações estéticas, que são constantemente difundidas nos meios de comunicação social como modelos de sensualidade e de erotismo.

Do ponto de vista da estética corporal, o modo como os corpos corrigidos pela tecnologia são expostos e a estruturação do seu posicionamento nas prédicas dos meios de comunicação, constituem factores importantíssimos para a percepção das entoações do imaginário da sociedade actual.

Assistimos, em inúmeras circunstâncias, a aparições femininas embrulhadas em contornos e saliências entusiasmantes que têm como pano de fundo um árduo trabalho tecnológico. Neste entrecho, será pertinente referir que as pressões para o “progresso” da excelência e da beleza tornaram-se sistemáticas.

À medida que os meios de comunicação social propagam essas figurações de corpos femininos, e simultaneamente os exibem e os retratam, como atraentes e desencaminhadores, fazem com que eles próprios sejam parte activa do sistema de formação de um imaginário, no qual a lubricidade e o erotismo estão profundamente ligados ao consumo dessa mesma tecnologia.

O corpo manuseado e manipulado por arquétipos tecnológicos alcança uma importância simbólica. A crescente utilização da cirurgia plástica pode ser entendida como um sinal de sucesso, de estatuto, de visibilidade social e de efectivação pessoal.

A sociedade de consumo em que vivemos é instigada por preceitos de mercado que utilizam a disponibilidade para a paixão, como meio essencial para a prossecução e consecução de um total “temperamento” capitalista.

Os meios de comunicação social “fabricam” os sujeitos de que o mercado reclama, uma vez que é o consumo que organiza, teórica e subjectivamente, os comportamentos dos indivíduos na sociedade.

A indústria cultural, com o adjacente propósito da obtenção do lucro, fomenta a comercialização do erotismo utilizando para isso o desejo, a paixão, os ícones sexuais e a fantasia. É certamente por esse motivo que as imagens imersas em erotismo invadem frequentemente os meios de comunicação.