Se esta procura externa continuar (já hoje mais de 1/4 das casas são compradas por estrangeiros) e se intensificar mesmo, os preços vão bater novos recordes, pois a oferta de novas casas não acompanha esse crescimento.

Perceber este mercado tem que se lhe diga. Há uns anos, mais de 20, uma Secretária de Estado que tutelava o setor disse que as casas estavam 30% acima do valor real; muitos anos mais tarde, já em 2008 o subprime veio ajustar os preços especulativos um pouco por todo o Mundo, dando-lhe razão.

Em Portugal existem terrenos preparados (urbanizados) para construção de casas para o triplo da população. Mas a população está a cair 0,3% ao ano, pelo menos. Os casamentos diminuem ainda mais e milhares de jovens continuam a agarrar oportunidades fora do país. Quem “casa” quer casa, dizia-se. Verdade que quem se divorcia quer casa também, e o número de divórcios cresce. Há-de daqui resultar alguma da procura.

Contudo, há 10 anos atrás os preços começaram a cair – dos EUA à Europa, e os bancos ficaram cheios de casas, entregues pelos devedores que não conseguiam pagar as hipotecas. Isso aconteceu também porque tinham associado ao crédito para habitação as viagens e a troca de carro ou outros consumos. A avaliação estava empolada muitas das vezes, Foi um grande problema para milhares de famílias portuguesas, e para os ativos dos bancos também. Foram os contribuintes que pagaram este problema, por isso o fenómeno interessa a todos nós.

Nos últimos 4 anos, incentivados pela procura externa (vistos Gold da China, Brasil, Angola, Benefícios Fiscais para reformados europeus e crescimento acentuado dos fluxos turísticos) as vendas de imóveis sofreram um notável “aquecimento”, sobretudo na Região de Lisboa, que praticamente duplicou o valor das casas em 4 anos apenas. Muitas casas de habitação passaram a ter outra função (alojamento de turistas e hotelaria) pelo que os até então aí residentes tiveram de procurar casa fora dos grandes centros, fazendo crescer também aí os preços. Isso ocorreu, sobretudo, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

A mão-de-obra e os materiais praticamente não se alteraram, pelo que a subida do preço das casas vai toda para a localização das mesmas. Paralelamente àquela subida, que ocorreu, sobretudo no litoral, há cidades e vilas do interior onde as casas desvalorizaram e muito! Não chegou aos territórios menos povoados essa onda de subida de preços.

Se esta procura externa continuar (já hoje mais de 1/4 das casas são compradas por estrangeiros) e se intensificar mesmo, os preços vão bater novos recordes, pois a oferta de novas casas não acompanha esse crescimento. É certo que ainda há umas largas dezenas de milhar de casas novas por vender… Mas não estão localizadas onde a procura existe!! Para já, basta olhar à subida do IMT em alguns municípios da linha de mar, para se perceber que o negócio vai bom.

Caso a procura fique limitada à aquisição de casas por portugueses, como vamos ser cada vez menos, a procura vai cair e com ela os preços dos imóveis.

Fique atento, para que não seja tão trágico como da última vez… Foi ontem, lembra-se?!