Este velho continente, como é apelidado, vive momentos conturbados, caminhos pouco bem definidos, objectivos longe de serem claros e concisos, processos a vários tempos, decisões pouco consentâneas e, acima de tudo, instabilidade política que tem o seu espelho nos 27 Estados membros.
Recentemente recebemos a notícia da eleição do nosso Ministro das Finanças enquanto Presidente do Eurogrupo, ou seja, lidera o conjunto dos ministros das finanças dos 27 parceiros europeus. Este é, por si só, motivo de regozijo e orgulho para nós portugueses.
Todos nós esperamos sempre um pouco mais quando um nosso quadro superior abraça a liderança de uma qualquer instância internacional, com poderes acrescidos e decisões vinculativas de onde poderão advir consequências, supostamente, positivas.
Contudo, nem sempre uma boa notícia é uma excelente notícia no seu todo, uma vez que na sua génese poderá trazer custos que podem limitar ou condicionar a acção que se pretende isenta, sobretudo de pressões.
A verdade é que alguém disse um dia que não “há almoços grátis”, e para nós, aquele país pequenito à beira mar plantado, conseguir eleger o Presidente do Eurogrupo numa altura destas é certamente sinónimo de que há interesses a alimentar esta eleição. As grandes potências europeias teriam naturalmente uma maior facilidade de eleger um seu representante, mas na actual conjuntura interessará a uma Alemanha a braços com um problema de constituição de Governo maioritário para resolver, ter alguém da sua confiança que não seja a França, ou a Itália, ou qualquer outro país de peso nesta União Europeia ainda à procura do rumo certo a seguir.
Como diz o Presidente da República, não será fácil a Mário Centeno acompanhar com a mesma atenção e regularidade as finanças do nosso país, como tal esperemos que uma eventual remodelação governamental não venha por em causa o nosso processo em benefício do processo de outros e que possamos apenas enumerar no futuro os aspectos positivos desta eleição.
A Europa necessita de redefinições em vários sentidos, necessita de consensos e de resolver muitos problemas ao nível da política monetária. Importa não efectuar muitos mais recuos, para além dos inúmeros já feitos, e importa acima de tudo fiscalizar e prevenir futuros resgates que possam surgir de soluções ténues como as que vivemos em Portugal e na Grécia.
Nesta quadra natalícia que pudessem surgir novos ventos para os lados da Europa e em particular para Portugal, com certezas, com acções concretas e estratégias de futuro que possam obstar a ziguezagues que só levam a vias onde a solução é inverter a marcha.
Boas Festas, com saúde e alegria e um próspero ano de 2018 são os meus votos sinceros para todos!
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