Todavia, temos de admitir que esta “técnica” ainda é pouco altercada no recinto da saúde. Na verdade, o gestor conquistará, através da mesma, inumeráveis vantagens como sejam: prevenção de riscos de contaminações hospitalares; aumento dos padrões de flexibilidade; ampliação das telas de competitividade; e incremento dos índices de qualidade, humanização e segurança nos serviços prestados. Será que a arquitectura hospitalar não poderá colaborar para o desenvolvimento de um conjunto de “singularidades”? Será que esse conjunto não é fundamental para o “carimbo” da instituição? Será que a arquitectura hospitalar não pode ser degustada como um diferencial competitivo?
Os mecanismos tecnológicos, a sustentabilidade, o conforto ambiental e o meio ambiente constituem condições que devem fazer parte do quotidiano dos arquitectos. As técnicas desenvolvidas e aplicadas de modo adequado, bem como a capacidade de criação são vértices essenciais para a realização de profícuas empreitadas. Em diversas ocasiões, o processo de enfermar não tem sentido para o doente. Na realidade, é como se tudo aquilo que existia, precedentemente, acabasse por desmoronar. Será que os hospitais não devem escoltar, de forma ininterrupta, o desenvolvimento humano?
Contemporaneamente a gestão hospitalar pode ser contemplada como uma tarefa bastante trabalhosa. Para fazer frente a este desafio, bem como para crescer sob as insígnias da excelência torna-se elementar a implementação de projectos arquitectónicos que considerem e embrulhem todas as exigências, requisitos, particularidades e indispensabilidades de um hospital. Desta forma, a concretização de um sadio projecto arquitectónico para uma estrutura física hospitalar possibilita uma superior disposição dos sectores, assim como um planeamento eficaz de circulação e fluxo para esses mesmos sectores. Será que os doentes não podem ser apelidados de clientes?
Presentemente os hospitais têm vindo a sofrer persistentes evoluções não só no espaço tecnológico, como também nos serviços prestados e na própria administração. Será que, e dentro dessa lógica, os hospitais não se equiparam às organizações de negócio? Será que esta situação não contribui para que os mesmos sejam desenhados como instituições de elevado emaranhamento?
Os hospitais aconchegam a necessidade de contratar profissionais de saúde altamente habilitados e competentes. A gestão adequada, empreendedora e corajosa deve ser a indumentária do administrador hospitalar. O gestor hospitalar destapa incalculáveis reptos dentro do hospital, tornando-se, desse modo, uma pedra basilar para a instituição. O gestor aquartela a responsabilidade, e para que os outros profissionais de saúde possuam contextos específicos para o aperfeiçoamento das tarefas, de comandar a equipa de profissionais, harmonizar o andamento dos processos e actualizar a infra-estrutura hospitalar. Será que o administrador hospitalar não agasalha o desafio de procurar arquétipos de gestão diferenciada? Será que o mesmo não tem comprometimentos viscerais com a comunidade?
O administrador hospitalar convive com desafogadas e diversificadas conjunturas, de dissemelhantes temperamentos e que podem ser observadas e analisadas em diferentes configurações. O gestor abarca também o desafio de se acomodar às normas, leis, decretos-lei, regulamentos, portarias, códigos e estatutos que, de alguma forma, “superintendem” os hospitais e, obviamente, os seus serviços. É seguramente importante que o mesmo também conheça a conexão entre técnicas e procedimentos, bem como entre tecnologias e equipamentos. Efectivamente existe uma colossal multiplicidade de artigos e recursos com a qual o administrador terá de trabalhar no seu dia-a-dia. Será que as leis, normas, regulamentações e portarias não são oriundas de diversos órgãos e instituições? Será que o gestor hospitalar não tem a missão de simplificar o desenvolvimento do trabalho das equipas e outorgar segurança, conforto e tranquilidade aos doentes? Será que a aplicação de novas tecnologias não acarreta um aumento da competitividade entre os hospitais?
A competitividade pode ser degustada como um atributo ou capacidade de uma determinada organização, de um qualquer segmento, que procura concretizar a missão com mais sucesso e rapidez que as outras organizações concorrentes. Fundamenta-se na capacidade de saciar as necessidades e expectativas dos cidadãos aos quais serve e coadjuva, no seu mercado objectivo e tendo em conta a incumbência específica para a qual foi concebida.
A conservação e a recuperação da saúde dos doentes constituem as finalidades principais dos hospitais. As “mercadorias” da instituição hospitalar acabam por ser os múltiplos serviços prestados no tratamento dos clientes. Para conquistar este propósito com distinção é essencial que a organização hospitalar junte valor aos serviços, oferecendo qualidade a todos os “protagonistas”. O “mercado” somente “adquirirá” os serviços se o hospital tiver em linha de conta a totalidade das necessidades que embrulham as partes envolvidas.
Ao projectar a construção ou a requalificação de uma determinada área hospitalar é indispensável a existência de predicados especiais para não provocar nenhum problema ou impasse ao ambiente. É elementar observar e analisar tudo aquilo que está profundamente associado à sectorização, uma vez que a organização apropriada dos espaços e sectores dentro de um edifício hospitalar influenciará o aperfeiçoamento das actividades e circunscreverá um superior e correcto fluxo de circulação. Logo, na altura em que se desenvolve o planeamento arquitectónico também se deve meditar em factores como o fluxo, a sectorização, a circulação e a elasticidade. Será que não é fundamental tornar mais operante o trajecto e o trânsito dentro de um hospital? Será que não é relevante conhecer a circulação do hospital, estudando, em moldes rigorosos, a funcionalidade do próprio edifício? Será que não é essencial diminuir as intersecções e os antagonismos dentro do edifício hospitalar? Será que a circulação, de acordo com os dissemelhantes agentes, não desfruta de algumas perspectivas diferentes? Será que o planeamento de acesso ao hospital não é outro factor importante na lógica dos fluxos hospitalares?
A inovação é o utensílio característico dos empreendedores, o recurso pelo qual os mesmos examinam a transformação como uma ocasião de negócio. A inovação pode abarcar como componentes instigadoras: a segurança; a eficácia; e a qualidade nos serviços. Através deste itinerário, o administrador alcança o aperfeiçoamento dos serviços prestados e, logicamente, a fidelização dos utentes. Será que não existe um grau de paralelismo entre o incremento da sofisticação nos edifícios hospitalares e o aumento do tão almejado reconhecimento?
Podemos considerar que a orientação é alusiva a um género de contextura gramatical, ou seja a uma espécie de referência que expressa uma mensagem. O hospital, se utilizar um arquétipo de comunicação eficaz, pode alcançar resultados afirmativos quanto aos seus padrões de funcionalidade. Todavia, as instituições de saúde devem agasalhar o papel de direccionar, de modo competente, os doentes, uma vez que alguns podem não compreender que determinada componente arquitectónica tenha uma utilidade ou função. As transfigurações que acontecem nos hospitais acabam por ser a consequência do célere progresso da tecnologia e da própria medicina.
É profícuo que os hospitais tenham elementos de sinalização e símbolos informativos nos equipamentos, mobiliários e serviços. Estes sinais devem assinalar as facilidades e os itinerários existentes nos edifícios hospitalares. Portanto, esta conjunção faz com que a instituição se torne mais activa, diligente, prazenteira e eficiente. Será que a comunicação deficiente não constitui um verdadeiro indeferimento?
No que respeita à acessibilidade, os hospitais têm a incumbência de se adaptar aos cidadãos portadores de deficiência. A dificuldade de locomoção que infelizmente muitos cidadãos aconchegam deve ser minimizada, uma vez que há mecanismos para que tal aconteça. A acessibilidade, em traços epidérmicos, pode ser saboreada como a eliminação de barreiras, ou seja a utilização, sempre em segurança e por toda a população, dos espaços físicos e respectivos equipamentos. Logo, os espaços acessíveis são aqueles que podem ser explorados por todos os indivíduos, mesmo por aqueles que aquartelam capacidade reduzida. Será que a acessibilidade e a independência não são dois vocábulos intimamente ligados? Será que o investimento na acessibilidade não permite aos doentes o acesso a todas as superfícies do hospital? Será que esse acesso não é extremamente salutar para os mesmos?
Ao longo dos tempos a arquitectura hospitalar sofreu algumas metamorfoses. Os hospitais, de “temperamento” horizontal, acabaram por ser criticados devido às espaçosas distâncias que os funcionários tinham que percorrer. A deslocação dos profissionais de saúde, pelos longos e pardacentos corredores, foi analisada para compreender se a mesma não os sobrecarregava em demasia. A sobrecarga física e a psicológica podem acarretar consequências nocivas para todos os sectores do hospital. A unidade de saúde deve ser profundamente funcional, pois, somente dessa forma, os profissionais de saúde desenvolvem, com índices maiores de elasticidade, qualidade e eficácia, o seu trabalho.
É diametralmente imprescindível a utilização de materiais que não inviabilizem a expansibilidade e a aclimatação dos espaços físicos. A maleabilidade do dimensionamento do espaço possibilita a realização de transformações internas e externas, sem nunca acometer a concepção arquitectónica original, ou seja a traça original do edifício. Qualquer edifício hospitalar alberga uma determinada longevidade. Este ciclo de vida deve estar completamente conectado às indispensabilidades, contextos de satisfação e expectativas dos utentes e funcionários. Portanto, os edifícios hospitalares devem ser amoldáveis às eventuais modificações a serem materializadas nos projectos arquitectónicos. A organização necessita de garantir aos profissionais um ambiente embebido em confiança para que os mesmos consigam desenvolver o trabalho e actuar sempre com competência e eficiência. Será que a arquitectura hospitalar não é um tema que deve ser amiudadamente debatido entre os administradores? Será que os administradores hospitalares não têm a função de granjear a excelência nos serviços prestados pelo hospital? Será que os hospitais não fazem parte de um segmento de mercado bastante complicado e competitivo? Será que o planeamento do fluxo, da sectorização, da circulação e da agilidade, acatando sempre as indispensabilidades e particularidades da unidade de saúde, não se torna decisivo em matéria de concorrência e competitividade?
O projecto arquitectónico deve contribuir não só para a recuperação terapêutica dos doentes, como também para a serenidade dos familiares e amigos dos mesmos. Existe sempre a necessidade de procurar indicadores que demonstrem aos administradores a relevância do planeamento arquitectónico hospitalar, bem como a importância de “investir” no mesmo.
Uma das ocupações da arquitectura é presentear o homem com condições térmicas compatíveis com o bem-estar ambiental humano no interior dos edifícios, independentemente das circunstâncias climáticas externas. O uso da energia de forma coerente possibilita a adaptação da arquitectura ao clima, impedindo ou diminuindo a instalação dos sistemas de ar condicionado. Os princípios de economia, funcionalidade e racionalidade devem estar sempre presentes em todos os projectos e edificações.
O planeamento é um período que embrulha inúmeros elementos e que estabelece a necessidade de o arquitecto perceber o funcionamento hospitalar para poder desenvolver benignos projectos. A questão financeira deve fazer parte do sistema de planeamento, pois existem diversas soluções com diferentes custos. Na realidade, não tem nenhuma lógica desenvolver um projecto e depois regressar para determinar, por exemplo, a localização dos espaços verdes. Será que não é necessário reabilitar como expressão suprema?
Infelizmente nos edifícios hospitalares a preocupação com a estética é sempre afastada dos quadros de prioridade. Em tipologias de lazer ou de habitação acontece exactamente o contrário. Salientar também que na “confecção” dos edifícios hospitalares são privilegiadas as altercações sobre as configurações da funcionalidade dos mesmos, bem como a edificação literalmente dita e os custos. Será que os ambientes não são contemplados, interpretados e sentenciados, sempre em formatos dissemelhantes, por arquitectos, engenheiros, cientistas, utentes, inexperientes e ignorantes?
A concepção do edifício hospitalar deve ser estruturada tendo em conta uma especialização das superfícies internas, sendo fundamentada na aglomeração de actividades complementares que acabam por desaguar nos cuidados para com os doentes. O modo de ordenar o espaço, a partir dos desiguais contextos de circulação, acaba por estabelecer uma vigorosa estruturação do mesmo. Tentar que o edifício hospitalar não fique obsoleto é bastante importante, uma vez que essa situação autoriza renovações sem alterar a “disposição” do mesmo. Os espaços eficientes e funcionais, quando não possuem determinados magnetismos, acabam por ser considerados ultrapassados e anacrónicos. Portanto, todos os vértices relativos à edificação de um hospital têm que ser alvo de meditação profunda e planeamento rigoroso.
Os projectos devem acarinhar inquietações com a paisagem, qualidade do ambiente, meio edificado e comodidade ambiental, bem como com a procura ininterrupta de tecnologia para beneficiação da área construída. Os hospitais, como suplementação terapêutica, necessitam, para além de profissionais de saúde competentes e motivados, de espaços verdes, de esquemas de circulação acessíveis, de convictas acessibilidades e de espaços físicos “salubres”. Infelizmente no nosso País, os hospitais verdadeiramente competentes e habilitados são escassos. Será que não é fundamental procurar respostas para o encadeamento entre homem e natureza? Será que não é essencial investir numa tecnologia humanizada, apropriada e dimensionada à realidade?
A qualidade da saúde pública devia ser semelhante à qualidade da saúde privada. Os modelos de saúde existentes em Portugal devem ser alvo de críticas e de reformulações. Proporcionar um atendimento hospitalar apropriado e igualitário a todos os cidadãos enfermos é uma utopia. Será que o sistema nacional de saúde não é profundamente desigual?
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.