Os problemas da agricultura no concelho da Guarda inserem-se no contexto da integração na União Europeia e do envelhecimento da população. Os apoios comunitários permitiram a consolidação de algumas explorações com dimensão, mas não se ajustam os problemas da pequena agricultura, que representa a maior parte da área, em grande parte abandonada. Com pequenas produções a pequena agricultura não corresponde às necessidades do mercado virado para as grandes superfícies que trabalham com grandes concentrações da oferta.
A desertificação rural é o maior problema do concelho da Guarda. Se este problema não for devidamente equacionado estaremos perante um problema de consequências catastróficas. A população está a diminuir de forma acentuada. Nuna determinada aldeia relativamente representativa, num ano morreram 12 pessoas, tendo nascido apenas uma. Se uma determinada aldeia tem hoje ainda 200 habitantes, como vai ser quando tiver apenas 20. Vai ser possível manter a estrada asfaltada, a rede eléctrica e a rede de água e esgotos?
Perante estes factos e considerando ainda a elevada taxa de desemprego, não há alternativa ao regresso à pequena agricultura. Os produtos do concelho da Guarda têm uma qualidade intrínseca relacionada com a altitude. A pequena agricultura para ser viabilizada tem de haver uma estratégia de valorização dos produtos, garantindo o seu escoamento.
Torna-se necessário o aparecimento de uma estrutura capaz de garantir os pressupostos anteriores. Essa estrutura será uma Central de Promoção e Vendas. Esta receberá as produções e promoverá a sua venda. Quando a venda ocorrer o dinheiro cairá na conta do agricultor. É aceitável que uma pequena parte das vendas reverta para a organização. O sucesso desta iniciativa tem a ver com a capacidade de atracção dos consumidores com maior poder de compra de maneira que estes se sejam capazes de comprar produtos com mais qualidade. O facto de muitos destes consumidores terem origem no meio rural poderá funcionar como cimento aglutinador desta iniciativa.
Estamos perante um novo Quadro Comunitário, pelo que urge repensar desde já estes problemas, para que alguma entidade criada ou a criar se possa candidatar ao financiamento, que permita implantar esta estrutura tão necessária ao desenvolvimento e decisiva para combater a desertificação.