Durou poucos minutos, mas a “yield” das obrigações soberanas portuguesas com a maturidade de dois anos já esteve esta manhã abaixo de 1%, o que representa o nível mais reduzido desde, pelo menos, 1996 (primeiro ano da base de dados da Bloomberg).
A taxa de juro implícita (“yield”) das obrigações portuguesas com maturidade mais curta atingiu assim o valor mais reduzido desde que Portugal aderiu ao euro e certamente de sempre, pois antes de entrar na Zona Euro Portugal suportava custos de financiamento mais elevados.
De acordo com as taxas genéricas publicadas pela Bloomberg, o mínimo da taxa de juro das obrigações a dois anos foi fixado em 0,969%. A “yield” está nesta altura a recuar 2 pontos base para 1,14%.
Nas restantes maturidades a tendência é também de queda, em linha com o comportamento das últimas sessões e com os juros das obrigações dos restantes periféricos. Numa sessão marcada pelo regresso da Grécia ao mercado de obrigações, os investidores estão a sinalizar maior apetite pelos títulos de dívida dos periféricos da Europa.
Os juros dos títulos com maturidade a cinco anos caem 3 pontos base para 2,57%, tendo fixado um novo mínimo desde 2005 nos 2,55%. Nas obrigações com maturidade de 10 anos a queda é de 2 pontos base para 3,88%, perto de mínimos de 2010. O “spread” face à dívida alemã, que mede o risco da dívida portuguesa, está esta manhã nos 230 pontos base, em linha com o valor das últimas sessões, já que também a “yield” das bunds tem vindo a descer.
Grécia e Irlanda no mercado
Nos restantes periféricos a tendência é também positiva. A “yield” dos títulos italianos a 10 anos recua 4 pontos base para 3,17% e das obrigações espanholas com a mesma maturidade desce 3 pontos base para 3,18%. Na Grécia os títulos de dívida a 10 anos apresentam pela segunda sessão consecutiva uma “yield” inferior a 6%.
A sessão positiva para as obrigações soberanas portuguesas surge no dia que fica marcado pelo regresso da Grécia às emissões de dívida de longo prazo, que está a atrair forte procura, reveladora do apetite dos investidores por estes títulos.
O primeiro país do euro a ser resgatado está hoje a emitir 2,5 mil milhões em títulos de dívida a 5 anos, tendo já recebido uma procura de 17,5 mil milhões de euros. Analistas citados pelas agências internacionais estimam que a taxa de juro implícita fique entre 5 e 5,25%.
Também a Irlanda está esta manhã a emitir dívida, pretendendo colocar mil milhões de euros em títulos com uma maturidade de 10 anos. Em março pagou menos de 3% numa emissão similar, o que representou um mínimo desde pelo menos 2010.