Um estudo preliminar de caracterização do turismo em espaço rural e de natureza em Portugal, que foi apresentado na terça-feira, 16 de Dezembro, na Guarda, revela que esta actividade “não tem evidenciado” sinais de crise.
Fernando Honório, um dos técnicos do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) que participou na elaboração do documento, referiu que o turismo em espaço rural e de natureza é “um tipo de actividade que, pelo menos aparentemente, através dos indicadores que foram recolhidos, não tem evidenciado os sintomas de crise que são tão comuns noutras actividades em Portugal, nestes últimos dois a três anos”.
O estudo, que incidiu entre os anos de 2000 e 2007, foi apresentado no decorrer de um seminário sobre “Turismo Rural e Desenvolvimento dos Territórios” promovido pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Aquele responsável adiantou que o estudo realizado por solicitação do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e do Turismo de Portugal, assentou na realização de inquéritos junto de responsáveis e de hóspedes de estabelecimentos de turismo rural e turismo de natureza.
Foram contempladas 1.231 unidades mas apenas 446 responderam ao inquérito que avaliou o perfil da oferta, entidade gestora, pessoal ao serviço, perfil de procura, evolução da capacidade turística e investimento. Em relação aos hóspedes, a equipa técnica do IESE registou 2.916 respostas “viabilizando leituras globais mais aprofundadas”.
Os dados apresentados indicam que no período 2000-2007, o número de hóspedes, por estabelecimento “aumentou de forma significativa” dado que em 2000 foram contabilizados cerca de 81 e em 2007 uma média de 144. “O aspecto mais focado pelos proprietários e gestores, foi a necessidade de aumentar a divulgação e a promoção deste tipo de turismo em Portugal e no estrangeiro”, disse Fernando Honório.
O documento adianta que na distribuição por categoria de estabelecimento, predominam as unidades de turismo rural (45 por cento), seguidas do turismo de habitação (25,8) e agro-turismo (11). O estudo foi valorizado pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, pelo facto de, segundo Maria Custódia Correia, revelar que o turismo rural e de natureza “pode ser um ponto de partida para o desenvolvimento de novas actividades económicas extremamente importantes para as zonas rurais, porque cria emprego e fixa as populações”.
“Estamos a verificar que muitos dos novos empreendimentos que surgiram nos últimos anos, são de pessoas que voltaram à sua origem e novas actividades se vão desenvolvendo nesse território”, disse, apontando que o PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural, possui apoios financeiros que podem contribuir para ajudar a desenvolver o sector.