Incêndios
A prevenção e combate a incêndios florestais reúne esforços de organismos públicos, de entidades privadas, apoiadas pelo Estado, e do sector da pasta de papel, o único grupo de empresas a assumir a totalidade dos custos das acções que desenvolve nesta área.
Na campanha deste ano, o agrupamento de empresas Afocelca, que junta os grupos Portucel Soporcel e Altri, tem 300 pessoas envolvidas, com participação de seis sapadores florestais chilenos, e vários equipamentos, incluindo dois helicópteros, metade do número de 2009.
As empresas de pasta de papel dedicam especial atenção à defesa da floresta, que fornece a matéria-prima para a sua actividade. Aliás, no sector estão os maiores proprietários de floresta do país.
O director nacional da defesa da floresta da Autoridade Florestal Nacional (AFN), Paulo Mateus, disse à agência Lusa que “tanto as equipas de sapadores florestais, que são pertença de organizações de produtores florestais, associações florestais ou de conselhos directivos de baldios e mesmo de câmaras municipais, como as que pertencem às empresas de celulose, através da Afocelca, desempenham essa função durante todo o ano”.
A Afocelca é um caso “distinto” pois assume a totalidade dos custos com a actividade preventiva, de corte e limpeza de mato, principalmente no inverno, e de apoio ao combate a incêndios, no verão. Outras entidades, embora privadas, “são detentoras de equipas de sapadores florestais, mas são, em parte, financiadas pelo Estado”, referiu.
Em 2010, a Afocelca, com um orçamento anual entre 2,2 e 2,3 milhões de euros, tem “meios humanos em duas brigadas helitransportadas, com equipas de sapadores de cinco elementos cada ou 40 unidades de prevenção e vigilância com três sapadores cada”, segundo o seu administrador, João Lé.
A estes meios acrescem “16 equipas de combate mais pesadas com seis elementos, especializados no uso de ferramentas manuais de combate ao fogo, e seis torres de vigia integradas num sistema nacional”, disse João Lé.
“Atendendo aos níveis de resposta e de cobertura dos meios do sistema nacional, foi tomada a decisão de reduzir a brigada helitransportada, de quatro para dois helicópteros, e de reforçar as brigadas terrestres da Afocelca com o objectivo de manter padrões semelhantes no que se refere à eficácia do combate inicial aos incêndios florestais”, explicou.
A distribuição dos meios tem em conta a cobertura das áreas florestais das empresas, “visando minimizar o tempo de chegada às ocorrências. [Define-se] a forma de optimizar estes meios em função da localização do património, do seu valor e das probabilidades de ocorrência de incêndios”, segundo João Lé.
O grupo Portucel Soporcel é “detentor maioritário” na Afocelca e João Lé é também administrador do grupo para a área Florestal.
A Portucel Soporcel investe cerca de três milhões de euros anualmente em prevenção e apoio ao combate a incêndios, “o maior contributo de uma empresa privada a nível nacional”. Para a área de prevenção foi canalizado 60 por cento do valor.
A intervenção “não se limita ao património do grupo. Em 2009, mais de 85 por cento das intervenções do dispositivo, através da Afocelca, foram efectuadas em propriedades de terceiros”, frisou.
Em 2009, a área ardida atingiu cerca de 400 hectares, valor “bastante reduzido”, embora o ideal fosse zero. Em 2008, tinha sido menos de 300 hectares, referiu.
A agência Lusa contactou também o grupo Altri, mas não obteve resposta em tempo útil.