Burros desfilaram engalanados em aldeia do concelho da Guarda

O evento contou com a participação de 8 dos 15 animais existentes na aldeia, sendo que alguns puxavam carroças com motivos alusivos às tradições. A aldeia de Carpinteiro, na Guarda, acolheu ontem um desfile de burros, promovido pelo sétimo ano consecutivo com o objetivo de incentivar a manutenção destes animais de uso doméstico que estão […]

O evento contou com a participação de 8 dos 15 animais existentes na aldeia, sendo que alguns puxavam carroças com motivos alusivos às tradições.

A aldeia de Carpinteiro, na Guarda, acolheu ontem um desfile de burros, promovido pelo sétimo ano consecutivo com o objetivo de incentivar a manutenção destes animais de uso doméstico que estão em vias de extinção. O evento anual, organizado pela Associação Cultural e de Melhoramentos de Carpinteiro, contou com a participação de oito dos 15 animais existentes na aldeia, sendo que alguns puxavam carroças com motivos alusivos às tradições etnográficas locais.

Segundo João Paulo Santos, presidente da associação promotora da concentração, a coletividade pretendeu, uma vez mais, promover um dia de convívio entre os habitantes da aldeia e chamar a atenção para a necessidade de preservar os jericos, que são cada vez menos a nível nacional.

O responsável lembrou que até finais do século passado praticamente todas as casas das aldeias tinham um burro para uso nas lides agrícolas e domésticas, mas o cenário alterou-se com a mecanização da agricultura e utilização dos tratores. Na localidade de Carpinteiro, os animais mantêm-se, e “praticamente todas as pessoas idosas têm um burrinho para fazerem a sua agricultura e para utilização no dia a dia”.

A festa anual tem contribuído para a manutenção dos burros, referindo que há casos de pessoas “que só põem o burro à carroça neste dia de festa”. O responsável observou que os animais “não dão muita despesa” e se depender dos habitantes de Carpinteiro “não acabam” em Portugal. O presidente da Junta de Casal de Cinza, José Rabaça, disse que a existência de burros é muito visível na localidade de Carpinteiro, que pertence à freguesia, onde residem cerca de 200 pessoas e são contabilizados 15 jumentos.

O autarca contou à agência Lusa que alguns habitantes mantêm os animais para participarem no desfile, mas os moradores mais velhos utilizam-nos nas atividades domésticas e nos trabalhos agrícolas. Tendo em conta a atual crise económica e o aumento dos combustíveis, aponta que aquele animal é cada vez “mais utilizado” pelos agricultores da região. Sobre a festa anual disse que a mesma tem contribuído para que os habitantes de Carpinteiro tenham “amor aos animais” e os mantenham para utilização no dia a dia.

Os residentes que possuem jericos confirmam que os animais são muito úteis nos trabalhos diários e acabam também por ser “uma companhia”. “É a nossa cestinha de mão”, disse Dolorosa Rodrigues, de 67 anos, referindo-se ao burro “Januário” que possui há cerca de 20 anos. Outro morador, Joaquim Morgado, de 87 anos, referiu que o seu “Macaco”, com uma década, é utilizado para lides agrícolas “quase todos os dias”. “Trabalha no campo, lavra e puxa a carroça”, contou Ismael Lopes, de 55 anos, proprietário de um animal que hoje engalanou para participar no desfile anual de Carpinteiro.


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