Estudo revela que as alterações climáticas poderão tornar inúteis os programas de reprodução do felino que em tempos deambulava pela Serra da Malcata.
O lince ibérico, que em meados do século passado podia ser visto na Serra da Malcata, nos concelhos do Sabugal e Penamacor, pode extinguir-se dentro de 50 anos, concluiu uma equipa de investigadores internacionais liderada por Miguel Araújo, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto.
O estudo publicado recentemente na revista científica “Nature Climate Change” alerta que os esforços para proteger o felino mais ameaçado do mundo poderão ser em vão caso os efeitos das alterações climáticas não sejam considerados na definição de estratégias de reintrodução da espécie. Atualmente, estima-se que existam menos de 300 indivíduos em ambiente natural, sendo que o declínio do lince tem sido associado ao desaparecimento acentuado do coelho-bravo, a sua principal presa, devido a doenças como a mixomatose e a doença hemorrágica viral. No site da Universidade do Porto, lê-se que «nos anos 90 [do século passado], tinha-se conhecimento da existência de nove populações de lince ibérico. Atualmente, apenas persistem duas na natureza». Os investigadores reconhecem que a «gestão intensiva da espécie» tem resultado na «abundância» de exemplares na última década, mas consideram que esta estratégia apenas poderá garantir algumas décadas de sobrevivência antes que a espécie desapareça.
«O nosso estudo mostra que as alterações climáticas podem levar a um rápido e severo declínio na abundância do lince ibérico nas próximas décadas, e provavelmente à extinção desta espécie na natureza dentro de 50 anos», refere Damien Fordham, um dos membros desta equipa citado pela UP. De acordo com este investigador, «os atuais esforços de gestão poderão ser inúteis se não tiverem em conta os efeitos combinados das alterações climáticas, uso da terra e abundância de presas na dinâmica populacional do lince ibérico». Ou seja, na melhor das hipóteses, adianta o estudo, «se os linces se adaptassem às mudanças de clima, a espécie poderia atingir os 900 exemplares já no início do próximo século, divididos por 25 a 31 populações distintas». Mas para que este cenário otimista se torne realidade será preciso que a reintrodução deste felino privilegie «zonas historicamente associadas a esta espécie e que no futuro apresentem as condições adequadas».
Contudo, Miguel Araújo, também citado pela UP, alerta que «é provável que o habitat no sudoeste da Península Ibérica, onde persistem duas populações de lince ibérico, se torne inóspito para a espécie em meados deste século». Atualmente existem cerca de 400 linces, cujo habitat se restringe a Portugal e Espanha. Em 1981 foi criada a Reserva Natural da Serra da Malcata, que abrange parte dos concelhos do Sabugal e de Penamacor, para proteger o lince ibérico, mas o projeto fracassou apesar do então Instituto de Conservação da Natureza (ICN) ter investido no repovoamento de coelhos e na aquisição de centenas de hectares. Em 2008 abriu, em Silves (Algarve), o Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico, em colaboração com o Parque Doñana, no sul de Espanha, onde existem 19 animais.
O estudo publicado recentemente na revista científica “Nature Climate Change” alerta que os esforços para proteger o felino mais ameaçado do mundo poderão ser em vão caso os efeitos das alterações climáticas não sejam considerados na definição de estratégias de reintrodução da espécie. Atualmente, estima-se que existam menos de 300 indivíduos em ambiente natural, sendo que o declínio do lince tem sido associado ao desaparecimento acentuado do coelho-bravo, a sua principal presa, devido a doenças como a mixomatose e a doença hemorrágica viral. No site da Universidade do Porto, lê-se que «nos anos 90 [do século passado], tinha-se conhecimento da existência de nove populações de lince ibérico. Atualmente, apenas persistem duas na natureza». Os investigadores reconhecem que a «gestão intensiva da espécie» tem resultado na «abundância» de exemplares na última década, mas consideram que esta estratégia apenas poderá garantir algumas décadas de sobrevivência antes que a espécie desapareça.
«O nosso estudo mostra que as alterações climáticas podem levar a um rápido e severo declínio na abundância do lince ibérico nas próximas décadas, e provavelmente à extinção desta espécie na natureza dentro de 50 anos», refere Damien Fordham, um dos membros desta equipa citado pela UP. De acordo com este investigador, «os atuais esforços de gestão poderão ser inúteis se não tiverem em conta os efeitos combinados das alterações climáticas, uso da terra e abundância de presas na dinâmica populacional do lince ibérico». Ou seja, na melhor das hipóteses, adianta o estudo, «se os linces se adaptassem às mudanças de clima, a espécie poderia atingir os 900 exemplares já no início do próximo século, divididos por 25 a 31 populações distintas». Mas para que este cenário otimista se torne realidade será preciso que a reintrodução deste felino privilegie «zonas historicamente associadas a esta espécie e que no futuro apresentem as condições adequadas».
Contudo, Miguel Araújo, também citado pela UP, alerta que «é provável que o habitat no sudoeste da Península Ibérica, onde persistem duas populações de lince ibérico, se torne inóspito para a espécie em meados deste século». Atualmente existem cerca de 400 linces, cujo habitat se restringe a Portugal e Espanha. Em 1981 foi criada a Reserva Natural da Serra da Malcata, que abrange parte dos concelhos do Sabugal e de Penamacor, para proteger o lince ibérico, mas o projeto fracassou apesar do então Instituto de Conservação da Natureza (ICN) ter investido no repovoamento de coelhos e na aquisição de centenas de hectares. Em 2008 abriu, em Silves (Algarve), o Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico, em colaboração com o Parque Doñana, no sul de Espanha, onde existem 19 animais.