O secretário-geral do PCP esteve na Guarda, no sábado, onde criticou as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
«Novos perigos e novas ameaças se colocam com o Governo a propor já e a preparar um novo programa de autêntico terrorismo social», disse Jerónimo de Sousa na Guarda, onde, no passado sábado, participou num almoço no âmbito da iniciativa “Por uma política alternativa patriótica e de esquerda”, que juntou 150 militantes. O líder comunista afirmou que as novas medidas de austeridade visam atingir «as vítimas de sempre: os reformados e pensionistas, os trabalhadores, particularmente os trabalhadores da administração pública, os serviços e as funções do Estado, designadamente na área da saúde, da educação, da segurança social, mas também da área da administração interna, da área da defesa Nacional». Com o programa anunciado, o Governo pretende, nos próximos dois anos, «ir buscar quatro mil e 500 milhões de euros, à custa, precisamente daqueles que trabalham, à custa dos reformados e pensionistas, à custa dos direitos fundamentais, à saúde, à segurança social», alertou. Jerónimo de Sousa lembrou que as novas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro Passos Coelho motivaram o desacordo de Paulo Portas, mas eles «não estão nada zangados», considerando que «aquilo foi acertado entre os dois». «O acerto entre os dois continua porque eles têm o objetivo fundamental de levar por diante este programa de agressão, eles estão às ordens dos grandes interesses do grande capital», justificou. O dirigente comunista observou que nos partidos do Governo «está tudo um pouco com a mão na maçaneta da porta da saída para depois sacudirem a água do capote, fazerem como sempre fizeram, depois mais à frente, enfim, Passos Coelho paga as culpas todas (aqui pode-se juntar também o Gaspar) e depois surge um PSD renascido, rejuvenescido, livre da cangalhada deste Governo que está a fundar o país». Jerónimo de Sousa disse ainda que o Governo está hoje «mais fraco e está a abanar», não por causa «das suas contradições», mas antes «por causa da luta dos trabalhadores e do povo português». Na sua intervenção, também fez o balanço dos dois anos após a assinatura do memorando com a ‘troika’, dizendo que as medidas tomadas não resolveram «o problema da dívida e do défice». «Hoje, o nosso país está com mais pobreza, com mais injustiças, com mais desemprego, com mais dívida, com mais dependência do estrangeiro», apontou. O secretário-geral do PCP apresentou medidas para corrigir a atual situação, a começar pela renegociação da dívida, por considerar que a mesma «vai chegar a um ponto em que não é pagável». Defendeu também a aposta no aparelho produtivo nacional, por considerar que o país está hoje «cada vez mais reduzido a serviços e a vendedores», quando devia ser «um país de produtores».