Covid-19: PS da Guarda pede “reflexão séria” a presidentes da Câmara e Assembleia Municipal

O líder da concelhia do PS reagiu ao sucedido, referindo que assistiu ao episódio “com grande perplexidade”.

A Comissão Política Concelhia da Guarda do PS pediu ontem “uma reflexão séria” sobre as condições dos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal para continuarem nos cargos após divergências sobre a realização de uma Assembleia Extraordinária.

“Quem não se sentir capaz de contribuir para a estabilidade de que a Guarda precisa, que saia. Depois deste insólito acontecimento, pensamos que se impõe, aos atores políticos que nele intervieram, uma reflexão séria, acerca das condições que têm para continuarem no exercício dos seus cargos”, disse o socialista António Monteirinho, em conferência de imprensa.

O presidente da Câmara da Guarda, Carlos Chaves Monteiro (PSD), não autorizou a realização de uma Assembleia Municipal Extraordinária, que estava agendada para segunda-feira no teatro local, por não haver “nada de urgente” que a justificasse devido ao estado de calamidade causado pela covid-19.

O autarca explicou que a sessão contaria com a participação de cerca de 100 pessoas e que a sua decisão foi tomada com base em pareceres da diretora Regional da Saúde Pública e da Direção-Geral da Saúde.

“Não podemos concordar que o senhor presidente da Câmara queira equiparar uma reunião do órgão deliberativo autárquico a um evento social”, reagiu em comunicado, no sábado, a presidente da Assembleia Municipal, Cidália Valbom (PSD).

A presidente daquele órgão acrescentava que o debate “não se fará agora por uma decisão autoritária, injusta, prepotente, imoral e ilegal”.

O líder da concelhia do PS reagiu ao sucedido, referindo que assistiu ao episódio “com grande perplexidade”.

“O PS, ciente de que vivemos um momento de acrescida responsabilidade, por força do combate à pandemia da covid-19, não pode deixar de repudiar, veementemente, os lamentáveis acontecimentos que transportaram para a praça pública conflitos político-partidários passíveis de ferir o prestígio e a honorabilidade, que devem estar subjacentes ao exercício dos cargos de presidente da Câmara e de presidente da Assembleia Municipal”, disse António Monteirinho.

O dirigente considera que numa altura em que todos devem estar “mais unidos do que nunca”, é “verdadeiramente vergonhoso que aqueles que têm o dever de liderar, com empenho e responsabilidade (…) decidam entreter-se em guerrilhas partidárias de ambição política pessoal, ao invés de cuidarem de cumprir, com zelo e responsabilidade, as funções para as quais foram eleitos com os votos dos guardenses”.

António Monteirinho disse que o PS apresenta-se “como solução” face “aos problemas internos do PSD” e que se o partido que governa a autarquia “não se sentir em condições de assegurar o normal funcionamento das instituições, neste caso, do órgão deliberativo, que saiba tirar as devidas consequências”.

“A mesa da Assembleia Municipal tem de refletir se tem condições para prosseguir e o PSD tem de refletir se deve, ou não, manter-lhe a confiança política. Mas o poder deliberativo não cairá na rua. O PS cá estará para poder apresentar uma solução, pois estamos conscientes de que à mesa da Assembleia Municipal compete a coordenação do exercício do poder deliberativo e fiscalizador, com exigência e sentido de responsabilidade”, concluiu.


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