A chuva e o vento forte vão manter-se no continente pelo menos até domingo devido aos efeitos colaterais da passagem da depressão Beatriz e de um sistema frontal frio, segundo a meteorologista Maria João Frada.
Em declarações à agência Lusa, a meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) adiantou que os efeitos da superfície frontal fria fizeram-se sentir entre o final da noite de terça-feira e a madrugada desta quarta-feira nas regiões do Norte e Centro, encontrando-se já na região Sul, mas com menos intensidade.
“O mau tempo esteve associado à superfície frontal que afetou particularmente o Minho e Douro Litoral. No que toca à intensidade da precipitação durante a noite, tivemos 10 a 15 milímetros numa hora e valores acumulados em seis horas da ordem de 30 a 45 milímetros naquelas regiões”, disse.
Maria João Frada adiantou também que foram registadas durante a noite rajadas fortes de vento nas regiões de Bragança, Vila Real, Guarda e Castelo Branco.
“Em Mogadouro por exemplo a rajada máxima atingiu os 102 quilómetros por hora, em S. Pedro do Sul 102 a 105 e em Pampilhosa da Serra 90 quilómetros por hora. Depois acalmou o vento e também a chuva. Estes episódios podem ter dado origem a algumas ocorrências e alguns estragos, mas já passou”, indicou.
De acordo com Maria João Frada, esta superfície frontal está associada à depressão Beatriz que está localizada muito longe do continente, a noroeste das Ilhas Britânicas.
“Não vai ter impacto direto no estado do tempo no território do continente, serão apenas efeitos colaterais associados à passagem de superfícies sucessivas de ondulações frontais que estão associadas à Beatriz, mas ela está de facto muito longe. Todo o vento que se possa vir a fazer sentir no continente é devido à Beatriz e por causa de um anticiclone que está a oeste dos Açores”, disse.
Maria João Frada adiantou que os efeitos da depressão, que vão prolongar-se pelo menos até domingo, determinam uma corrente de oeste que vai trazer ondulações frontais sucessivas.
“Amanhã [quinta-feira] temos novamente um dia marcado pela passagem de um novo sistema frontal frio com alguma atividade, por isso, estão previstos períodos de chuva ou aguaceiros, que serão localmente intensos e sob a forma de granizo, trovoadas e rajadas fortes de vento até ao final da tarde”, disse.
Está também previsto na quinta-feira, segundo Maria João Frada, um aumento da intensidade do vento com rajadas da ordem dos 75 quilómetros por hora a norte de Setúbal e nas terras altas e depois haverá uma acalmia.
“Os dias 9, 10 e 11 serão dias com muita precipitação e persistência da precipitação, em especial nas regiões do Norte e Centro, mas vai chegar a todo o país. Isto deve-se a uma corrente de oeste com uma massa de ar tropical com elevado conteúdo em vapor de água, que vai dar muita precipitação”, indicou.
No que diz respeito à neve, Maria João Frada adiantou que não está prevista queda devido à subida das temperaturas.
“Até dia 9 não haverá alterações significativas, mas há uma tendência para uma subida das máximas de 2/3 graus. Até lá estamos com máximas da ordem dos 15/17 graus, sendo superiores na costa sul. No interior norte e centro não vão ultrapassar os 12 graus. As mínimas vão estar entre os oito e os dez graus, mas vão sofrer uma descida brutal a partir de sábado da ordem dos cinco/oito graus”, disse.
Está também prevista a formação de gelo e geada nos distritos de Bragança e da Guarda.