A decisão foi tomada hoje em reunião do executivo e por proposta do vereador da oposição Pedro Folgado – eleito pela coligação “Juntos Por Penamacor” – que considerou que muitas opiniões que têm sido veiculadas sobre a reintrodução da caça na zona sul (a norte sempre foi permitida) da Reserva Natural da Serra da Malcata estão relacionadas com o desconhecimento.
“Porque não, então, convidarmos os grupos parlamentares para ouvirem de viva voz as nossas justificações e fundamentação para defendermos o ordenamento cinegético na Serra da Malcata? De facto nós temos de deixar, de alguma forma, de estar reféns de alguns argumentos e narrativas que um conjunto de gente, que se calhar nem nunca veio a Penamacor, anda a debitar”, apontou, sustentando que é importante que os deputados saibam o que está em causa, na eventualidade de o assunto voltar à Assembleia da República.
A sugestão foi imediatamente aceite pelo presidente da Câmara, António Luís Beites (PS), que reiterou a ideia de que a polémica tem como base um “desconhecimento profundo e gritante”, que começa pelo facto de a maioria das pessoas não saber que sempre se caçou na Serra da Malcata e que a norte (área do concelho do Sabugal) tal nunca foi proibido.
O autarca lembrou ainda que a aposta na Serra da Malcata está a ser feita em várias vertentes, comprovam as candidaturas apresentadas no âmbito da biodiversidade e reiterou que a criação de uma zona de caça na área em causa (a qual será gerida pelo Município de Penamacor) é “instrumento fundamental” para promover a conservação da natureza e a biodiversidade.
Segundo António Luís Beites, aquilo que está previsto no plano cinegético também engloba as componentes da limpeza florestal, sendo que poderá favorecer a reprodução de espécies e, por consequência, ajudar à reintrodução do lince-ibérico naquele território.
O autarca sublinhou, que ao contrário do que tem sido veiculado, a caça não é incompatível com a reintrodução dos linces no território, bem pelo contrário, já que o que está previsto é caça grossa, designadamente o javali, que é o principal inimigo da reprodução do coelho bravo, alimento base do lince-ibérico.
Argumentos que o município tem vindo a defender e que pretende agora apresentar aos grupos parlamentares que aceitem o convite da autarquia, o qual também será enviado à Associação Ambientalista Quercus.
A 08 de fevereiro, o Governo revogou uma portaria com 23 anos que interditava a prática cinegética na zona sul da Reserva Natural da Serra da Malcata.
Na altura, o ministério do Ambiente justificou a decisão, salientando disse que “são inequívocas” as vantagens do ordenamento cinegético para a conservação dos recursos naturais.
Por seu turno, o PAN e o Bloco de Esquerda criticaram o que classificaram como um retrocesso civilizacional e apresentaram iniciativas na Assembleia da República, enquanto a Quercus pôs a circular uma petição ‘online’ contra esta medida.
O documento, que salienta que a reintrodução da caça na Serra da Malcata pode colocar em causa a recuperação de várias espécies presa, reuniu 5.486 assinaturas e foi entregue aos ministros do Ambiente e da Agricultura no início do mês.