16% das exportações nacionais estão na mão de cinco empresas

Alta concentração e dependência das exportações portuguesas em relação a um grupo restrito de empresas é risco acrescido

Muito concentrado e pouco diversificado, assim se pode classificar o setor exportador português.

No ano passado, “cerca de 20% do valor exportado foi transacionado pelas dez maiores empresas” e “as cinco maiores empresas exportadoras de bens foram responsáveis por 16,1% do valor transacionado”, de acordo com um estudo do INE.

A publicação ontem divulgada diz que “as 500 maiores empresas exportadoras de bens para os mercados externos concentraram cerca de dois terços do valor exportado (66,1%)”.

A alta concentração e dependência das exportações portuguesas em relação a um grupo restrito de empresas acaba por ser um risco acrescido para a economia, pois sempre que uma dessas empresas sofre algum percalço isso reflete-se no andamento da atividade económica interna.

Alguns dos casos emblemáticos são a Galp ou a Autoeuropa, empresas altamente sensíveis ao ambiente externo e aos preços internacionais (ver top das exportadoras). Além disso, são das poucas grandes indústrias do país. Quando realizaram paragens técnicas (aconteceu no ano passado), isso refletiu-se no andamento do PIB, por exemplo.

“Em comparação com a média dos últimos quatro anos (2010–2013), verifica-se uma redução, apesar de pouco significativa, na concentração das exportações num número reduzido de empresas, sendo essa diminuição menos expressiva nas cinco maiores empresas exportadoras (-0,7 pontos percentuais) e mais expressiva no conjunto das 100 e das 500 maiores exportadoras (ambos com uma redução de 1,2 pontos percentuais face ao peso que detinham, em termos médios, no período 2010-2013).”

“Em 2014, as cinco maiores empresas exportadoras tinham como principais clientes a Alemanha (19,6%, -6,4 p.p. face a 2010), Espanha (13,6%, +2,9 p.p. face a 2010) e os Estados Unidos (9,5%, +0,8 p.p. face a 2010), mantendo-se a situação verificada em 2010”, repara o trabalho.

O INE refere ainda que nos mercados fora da União Europeia (UE) a situação é ainda mais concentrada. “Nas exportações extra-UE registou-se uma maior concentração do valor exportado num número limitado de empresas: as cinco maiores empresas foram responsáveis por 23% do valor transacionado em 2014.”

69% exporta apenas para um país

“A maioria das empresas exportou apenas para um país, mas foram as empresas com maior diversificação de mercados que concentraram o maior valor transacionado”, segundo o INE.

“A maioria das empresas (69,3%) exportou bens para apenas um mercado em 2014, apesar de terem sido responsáveis por somente 7,6% do valor transacionado”, prova de que há uma falta grande de diversificação de mercados.

Isso terá muito que ver com o tipo de produtos de especialização e com a falta de intensidade tecnológica mais elevada que ainda subsiste nas indústrias exportadoras.

No entanto, “as empresas que apresentaram uma maior diversificação de mercados (20 ou mais países) concentraram o maior peso no valor exportado (42,4%), apesar de corresponderem a apenas 1,9% do total de empresas exportadoras de bens”.


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