No âmbito do projeto Climadapt.local, “as vulnerabilidades atuais que mais câmaras referiram como mais graves e que acontecem mais vezes no território são as cheias e inundações, que têm ocorrido em maior número nos últimos anos e por todo o país”, disse hoje à agência Lusa Rita Antunes, da Quercus, uma das entidades que participam na iniciativa.
O projeto pretende ajudar as câmaras municipais a definirem planos para enfrentar as alterações climáticas, abrangendo um conjunto que reflete todo o país, norte, sul, litoral e interior, incluindo Madeira e Açores, para incluir vários tipos de problemas e setores afetados.
O coordenado das estratégias municipais de adaptação às alterações climáticas, Luís Dias, referiu à Lusa que “o que se regista agora com mais frequência são precipitações excessivas, que resultam em cheias rápidas ou inundações rápidas, consoante ocorrem no meio urbano ou no campo”.
As cheias progressivas, que implicam queda de chuva por vários dias consecutivos, “têm diminuído” e cada vez há mais situações de chuva intensa em espaços de tempo curtos, o que “tem causado mais estragos em todo o país”, explicaram.
Os ventos fortes são outra das vulnerabilidades identificadas, sendo a temperatura elevada e as ondas de calor a terceira vulnerabilidade atual mais apontada, tendo consequências na saúde humana, mas também na biodiversidade, referiu Rita Antunes.
Em quarto e quinto lugar aparecem o gelo, neve e geada, estando os primeiros a diminuir, o que pode ter consequências, por exemplo, no turismo de neve.
O deslizamento de vertentes, mais comum nos municípios costeiros, é outro problema que, tendo Portugal uma costa tão grande, “é uma vulnerabilidade preocupante”, salientou Rita Antunes.
No litoral norte, uma das principais preocupações são os galgamentos costeiros, a subida média do nível do mar e as tempestades e as suas consequências, além da erosão costeira, relatou Luís Dias, enquanto no interior são mais as ondas de calor e os incêndios florestais.
Entre os exemplos referidos pelo técnico do centro de investigação CCIAM, da Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa, Évora, após dificuldades relacionadas com a disponibilidade de água, criou barragens e depósitos e, “neste momento, estão preparados para enfrentar estas situações”.
Trata-se de um tipo de adaptação espontânea, para responder a um impacto sentido, enquanto o Climadapt.local aposta na preparação planeada, com base nas projeções de mudança do clima para o futuro.
Lisboa preparou um plano de drenagem e “agora está em análise voltar o plano mais para uma vertente de adaptação e, eventualmente, fazer bacias de retenção com mais espaço para o caso de ser necessário alargá-las no futuro, ou criar um espaço público que funcione com a presença de água”, explicou.
Coruche também tinha inundações e o município instalou um muro que permite salvaguardar a vila, outro município elaborou um plano de contingência e quando as temperaturas sobem acima de um determinado limite são recolhidos os habitantes mais vulneráveis, principalmente os idosos, e instalados em edifícios com ar condicionado.
Algumas autarquias, relatou, pretendem concretizar alterações em escolas, construindo áreas mais aprazíveis, com plantas e coberturas para enfrentar as ondas de calor.