Localizada no distrito da Guarda, a vila de Almeida caracteriza-se pelas suas muralhas, que vistas do ar, formam uma estrela de doze pontas que podemos percorrer de um extremo ao outro.

Esta sólida estrutura defensiva foi construída no século XVII transformando o burgo medieval numa praça-forte.

A Praça-forte é de planta hexagonal, constituída por seis baluartes, aos quais correspondem o mesmo número de revelins.

Todos os anos no último fim de semana de agosto, o município de Almeida recua ao ano de 1810 para recriar o trágico cerco e a capitulação ocorrida na III Invasão Francesa.

O imperador francês Napoleão Bonaparte tentou, por três vezes, conquistar Portugal, com o objetivo de isolar Inglaterra na guerra que as duas potências travavam na Europa. Mas das três vezes as suas tropas foram rechaçadas por um misto de militares portugueses e ingleses e de populares.

A terceira invasão, comandada pelo marechal Massena em 1810, foi a mais poderosa. Um imenso exército francês de 16 mil homens entrou em Portugal vindo de Ciudad Rodrigo, ali bem perto de Almeida. A Aldeia Histórica, com as suas imponentes muralhas, com uma guarnição de cerca de 5 mil homens e mais de 100 peças de artilharia, foi o primeiro obstáculo com que se depararam os invasores. E que obstáculo!

O cerco de Almeida começou a 24 de julho. Durante mais de um mês, as forças anglo-portuguesas resistiram sem grandes dificuldades, uma vez que estavam bem apetrechados de mantimentos. Até que, a 26 de agosto, os franceses decidiram arrasar os adversários com um incessante bombardeamento de artilharia, que começou ainda o sol não tinha nascido. Durante todo o dia caíram em Almeida mais de 6 mil granadas, que abriram importantes brechas na muralha. Mas o pior estava para vir. Uma granada, já a tarde estava a acabar, atingiu um barril de pólvora, que explodiu e desencadeou a explosão de todo o paiol, cheio de pólvora, numa catástrofe tremenda. Grande parte da localidade foi arrasada, 500 homens perderam a vida e Almeida rendeu-se aos franceses, que seguiram Portugal adentro até terem que medir forças com Wellington na Batalha do Buçaco.

O castelo e a igreja matriz foram alguns dos edifícios destruídos, para desespero da população de Almeida. As semanas que se seguiram foram de limpeza, tendo os populares ateado uma enorme fogueira com todos os destroços que pudessem arder.

Reza a lenda que, de repente, e sem que o calor do outono o deixasse adivinhar, começasse a cair neve, que abafou a fogueira. E é então, que, como se de um milagre se tratasse, os almeidenses veem sobressair por entre as cinzas e destroços a imagem de Nossa Senhora, única sobrevivente da arrasada igreja.

Ainda hoje, na igreja matriz, está no altar essa imagem de Nossa Senhora das Neves, testemunha dos bombardeamentos franceses, das mortes dos portugueses e ingleses, da destruição da sua igreja original e da neve que apagou o fogo.

Nossa Senhora das Neves

Casas da Roda dos Expostos

Outra das curiosidades sobre a histórica desta vila é a existência da Casa da Roda dos Expostos.

No século XIX foram instituídas por Pina Manique as Casas da Roda dos Expostos. Estas tiveram um papel social fundamental, uma vez que ali se acolhiam crianças abandonadas. Situada estrategicamente na rua da Muralha, a sua localização permitiu a escolha para o referido efeito por se encontrar perto de uma porta falsa permitindo a fuga do depositante sem ser reconhecido. Era durante a noite que as crianças eram colocadas na roda. Algumas delas traziam manuscritos a dizer o seu nome, outras traziam medalhas ao peito, talvez pelo facto de um dia as poderem reconhecer e terem direito as mesmas. As crianças eram colocadas na parte aberta da roda pela mãe, e a irmã rodeira girava a roda e acudia a criança sem poder ver quem estava do lado de fora. Depois de serem baptizadas eram encaminhadas para amas-de-leite. Sabe-se que os expostos vinham de todas as classes sociais e as suas mães abandonavam-nos ou porque não tinham condições para os criar ou porque eram bastardas. A casa possui forma quadrangular e pavimento de seixos rolados, originalmente a casa contava com dois pisos mas actualmente apenas possui um. Hoje em dia a Casa da Roda dos Expostos constitui um núcleo museológico apresentando peças com enquadramento do seculo XIX. O edifício apresenta na fachada data epigrafada de 1843.

No dia 3 de outubro, o Ciclo “12 em Rede | Aldeias em Festa 2020” aborda a temática da “Roda dos Eispostos” (expostos).

Esta é a premissa para fazer uma viagem no tempo que nos leva a refletir sobre a importância social desta estrutura assistencial e qual o impacto que teve no presente e no futuro de Almeida da época!

Este evento é promovido pela Associação de Desenvolvimento Turístico Aldeias Históricas de Portugal, numa organização do Município de Almeida.

Uma iniciativa apoiada pelo Centro 2020, Portugal 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE).

Programa [3 de outubro de 2020]

10h30 – Visita comentada

“Pregão do Senado – Casa da Roda dos Expostos em Almeida, 1843”.pela CARB e Prof. Doutor Augusto Moutinho Borges

Início na Praça Dr. Casimiro Matias (antiga praça de são João)

TARDE

16h00 – Visita comentada

“Pregão do Senado – Casa da Roda dos Expostos em Almeida, 1843”. pela CARB e Prof. Doutor Augusto Moutinho Borges

Início na Praça Dr. Casimiro Matias (antiga praça de são João)

18h00 – Apresentação da brochura

“Almeida – A Casa da Roda dos Expostos, 1843

Solar de São João

18h45 – Momento gastronómico.por Chef Álvaro Costa

(provas de produtos endógenos, showcooking e jantar)

Solar de São João

21h00 – Concerto

“Do convento ao Quartel ” por Orquestra Sem fronteiras dirigida pelo maestro João Gaspar

Comentários de Maestro Vitorino de Almeida

Claustros do Convento (em caso de condições adversas Picadeiro del Rey)

Pode acompanhar o evento via streaming AQUI.