A Capeia Arraiana

Concedida a praça aos Mordomos, esta é libertada para a lide do primeiro touro, de entre os cerca de 6 ou 7 que se lidam atualmente em cada Capeia.

Até então colocado ao alto junto a uma parede, o Forcão é preparado para que os homens da terra “esperem” os touros. O Forcão, com um peso de cerca de 300 kg, é erguido por um número variável de homens, entre vinte e trinta, distribuídos de ambos os lados do Forcão. Sempre que os lidadores sejam em grande número, ocupa-se também o espaço entre as varas transversais ao rabicho.
Os lugares que oferecem menor proteção das investidas do touro e que estão mais expostos ao perigo, e que, como tal, requerem maior coragem, são os da “galha”. No caso do primeiro touro de cada Capeia, os Mordomos têm invariavelmente o privilégio de pegar às duas “galhas” do Forcão, sendo estas que definem o número mínimo de Mordomos exigível para a organização de uma Capeia.
De entre os que “pegam ao Forcão” tem também particular destaque o “rabicheiro” (ou “rabiador”), isto é, o homem, ou o par de homens que, conjuntamente erguem o “rabicho” do Forcão e o direcionam para fazer rodar a estrutura e fazer frente às investidas do touro.
Após pegar ao Forcão, o grupo de homens “espera o touro” sustentando o Forcão ao centro da praça, aguardando a abertura do portão e, caso tudo ocorra como desejado, o imediato arremesso do touro contra a estrutura.
O facto de a Capeia ser efetuada com o Forcão não deve iludir a perigosidade de que se reveste. Com frequência, o touro consegue levantar o Forcão ou contorná-lo e, por vezes, os que pegam ao Forcão, ou os que saltam para dentro da praça para tentar dominar o touro – saltando-lhe para cima e procurando dominá-lo como numa pega – são colhidos. O mesmo sucede, por vezes, depois de arrumado o Forcão, quando os homens e os rapazes “brincam” com o touro, provocando-o e, naturalmente, procurando escapar às suas investidas.

Desde muito recentemente os touros têm de se apresentar embolados (protecção de cabedal nas hastes do touro de forma a evitar ferimentos aos “toureiros”), e já não em pontas, diminuindo assim o risco de ferimentos graves, o que sucedia no passado, inclusive com desfechos fatais. O facto de os touros utilizados para a Capeia serem hoje embolados tem tido como consequência a escolha de touros mais corpulentos.
Sempre que há necessidade de dominar o touro, intervêm também os capinhas, toureiros a pé, locais ou provenientes de Espanha.
Após serem corridos todos os touros, normalmente em número de seis ou sete, finaliza a Capeia e a assistência desmobiliza para o jantar, em casa ou no arraial, e depois para o baile.
Logo após a Capeia, em algumas povoações procede-se ao desencerro, isto é, à devolução dos cabrestos e dos touros do Encerro, novamente conduzidos pelos cavaleiros, mas desta feita sem o acompanhamento da população que se verifica no Encerro.

Nos casos em que não se realiza o desencerro, os animais são carregados no camião para a sua devolução à ganadaria de que provêm. É também após a finalização da Capeia que os Mordomos nomeiam os seus sucessores, que serão responsáveis pela organização da Capeia do ano seguinte.