Covilhã cria projeto para análises da urina em doentes oncológicos

Quatro alunas da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, estão a desenvolver um projeto que pretende implementar um novo método para a monitorização e análise da urina de doentes oncológicos em situação de cuidados paliativos.

“É uma solução que tem como base uma fralda analítica e que pretende revolucionar a forma como é feita a recolha e a análise da urina, criando simultaneamente melhores condições para os doentes oncológicos” disse à agência Lusa Vanessa Santos, porta-voz do grupo que também é constituído por Jane Dias, Ana Silveira e Catarina Almeida.

Denominado ‘Fraldas Analíticas: BabyKnow & KnowU’, o projeto nasceu no âmbito de um desafio lançado na disciplina de empreendedorismo do curso de Ciências Biomédicas da Faculdade de Ciências da Saúde desta instituição de ensino superior sediada na Covilhã, distrito de Castelo Branco.

A ideia das jovens passa por aliar uma fralda (com aparência normal) às novas tecnologias para poder obter resultados relativamente à saúde, de forma não invasiva e sem os incómodos associados à colheita.

“Basicamente, a fralda será composta por tiras reativas que mudam de cor consoante a presença de certas substâncias na urina, essa cor seria depois lida por um ‘chip’ que passa a informação para uma aplicação de smartphone que, por seu turno, faria a leitura dos parâmetros de saúde, indicando o que possa estar menos bem”.

“Seria uma forma de fazer a análise sem ter de proceder à recolha típica, o que no caso dos acamados e incontinentes pode ser uma mais-valia muito importante que contribui, na medida possível, para a manutenção do bem-estar dos utentes”, referiu Vanessa Santos.

O facto de a análise ser imediata e dispensar o envio para o laboratório ou de se poderem antecipar alguns dos problemas e doenças associadas são outras das vantagens apontadas.

Numa primeira fase, o projeto está focado nos doentes oncológicos, mas tem uma grande margem de progressão e o grupo não afasta a possibilidade de no futuro vir a estudar a possibilidade de uma aplicação a outros doentes ou até às análises rotineiras do bebé.

“Para já centrámo-nos neste aspeto porque, tendo em conta a cada vez maior prevalência da doença, consideramos que é importante procurar uma resposta que ajude estes doentes a passar pela doença com o mínimo de dor e desconforto”, apontou.

O projeto ainda está numa fase inicial, mas foi o vencedor da sétima edição do Angelini University Award, uma iniciativa anual da Angelini Farmacêutica.

“É um incentivo que mostra que a nossa ideia tem de facto mérito e que estamos no caminho certo, além de que pode ser uma ajuda monetária para a respetiva concretização”, referiu Vanessa Santos, lembrando que ainda têm de ser concretizadas várias etapas até à eventual concretização e comercialização do produto.

O segundo lugar deste concurso, uma escolha feita pelo júri e pelo público presente na cerimónia de apresentação dos trabalhos, foi atribuído ao projeto ‘Cuidados Paliativos Pediátricos – Borboleta Branca’, do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias. Tendo como mote o “brincar terapêutico”, este projeto pretende atingir a essência do cuidado de enfermagem e facilitar o dia-a-dia dos doentes e dos seus familiares.

Através de uma plataforma digital, os pais e cuidadores podem consultar informação sobre a doença e procedimentos de diagnóstico ou terapêuticos, partilhar experiências num fórum disponível para este efeito ou adquirir um boneco personalizado à imagem do doente, que assumiria o papel de companheiro de viagem.

Segundo a informação da promotora do concurso, esta plataforma permite à criança aprender estratégias para reduzir o medo e a ansiedade e, simultaneamente, estimular o desenvolvimento de estratégias cognitivas comportamentais e sensoriais que favorecem o controlo da dor, através do ato de brincar.


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