Portugal precisa de reforçar investimentos na Economia Digital

Todos os indicadores mostram que 2015 foi um ano de crescimento na Economia Digital, a nível mundial, e Portugal não foge à regra. Mas para aproveitar o potencial de mercado as empresas e organizações portuguesas devem acelerar o seu investimento, defende Alexandre Nilo Fonseca.

O mercado continua em transformação acelerada, mas só quem tiver a visão para apostar nas ferramentas e na estratégia digital conseguirá manter-se relevante numa economia cada vez mais centrada no cliente, onde as exigências de resposta e de serviço imediato se fazem sentir de forma cada vez mais premente nos diferentes canais. Inovar e investir são por isso palavras obrigatórias na agenda das empresas.

Alexandre Nilo Fonseca acredita que o potencial de mudança é enorme, e que as ferramentas para transformar as empresas e acelerar a digitalização, aumentando a sua competitividade e potenciando a internacionalização, são acessíveis a organizações de todos os sectores e de diferentes dimensões.

“Os consumidores portugueses são já bastante sofisticados na utilização da internet – cerca de 3 milhões por exemplo já faz compras na internet. Temos a vantagem de ter um país muito bem servido de infraestruturas seja a rede fibra optica, seja a rede móvel 4g, mas as empresas ainda são muito pouco sofisticadas na utilização da internet nos negócios. Os números do último estudo que realizámos com a IDC mostram que apenas 30% das empresas portuguesas tem uma presença online – ou seja é como se a maioria das empresas portuguesas sobretudo as mais pequenas tivessem ficado paradas no século passado e não estejam ainda a aproveitar as oportunidades que a economia digital proporciona”, explica o presidente da ACEPI.

O crescente interesse nas plataformas digitais, aliado à retoma da economia e à tendência de animação do consumo que tem sido sentida nos últimos meses, cria as condições ideais para um novo impulso na Economia Digital, e esta é uma oportunidade que as empresas não podem desperdiçar, conquistando novos clientes e abrindo novos mercados além-fronteiras.

A Comissão Europeia está a trabalhar para reduzir as barreiras ao comércio eletrónico dentro do espaço Europeu e “as empresas portuguesas têm de saber usar esta abertura em seu favor, mudando o equilíbrio da balança comercial digital a favor de Portugal – hoje os portugueses compram muito online fora de Portugal mas o inverso não acontece: temos ainda poucas empresas portuguesas a vender online para fora do pais”, alerta Alexandre Nilo Fonseca.

Segundo o estudo realizado numa parceria entre a ACEPI e a IDC, cerca de 70% dos portugueses usam a Internet, ficando de fora cerca de 30% da população nacional, por norma pessoas mais velhas, menos literadas e mais pobres. Mas a taxa de acesso à rede deverá subir até 2020, chegando aos 85% da população.

Os números mostram ainda que um quarto da população faz compras online, o que corresponde a 2,7 milhões de pessoas. Estes consumidores gastaram em 2014 cerca de 2,9 mil milhões de euros em compras B2C. Para além dos computadores, os smartphones são também cada vez mais usados e 42% dos utilizadores já recorrem a estes dispositivos para fazerem as suas compras online, embora a maioria continue a usar o PC. As categorias de produtos vendidos na Internet que mais têm crescido são o vestuário e as viagens e alojamento.

Os resultados revelam também que 72% dos inquiridos dos 5.000 inquiridos neste estudo admitem comprar em sites estrangeiros, com 48% a afirmarem que até compram mais nestes sites. A referência Multibanco é o método de pagamento preferido dos portugueses.

Do lado do comércio B2B e B2G os números são muito mais positivos, e mais do que duplicaram nos últimos cinco anos em Portugal, valendo este mercado 47 mil milhões de euros e prevendo-se que atinja os 85 mil milhões em seis anos. O principal défice está porém do lado das empresas. Os dados reunidos confirmam que apenas 32% das empresas em Portugal têm presença na Internet, e que só 10% têm loja online, números que estão muito aquém comparativamente a todo o potencial que o universo digital tem para oferecer e que potencia os hábitos de compra em lojas internacionais.

“O objetivo da ACEPI é ajudar as empresas a beneficiarem mais das vantagens e das oportunidades de crescimento e negócio que a Economia Digital lhes oferece, e é para isso que vamos continuar a trabalhar durante o ano de 2016”, sublinha Alexandre Nilo Fonseca.

15 anos a trabalhar para promover a Economia Digital
Em 2015 a ACEPI assinalou 15 anos de existência da Associação que esteve sempre focada na promoção da Economia Digital, e este foi um ano em que a atividade foi alargada a novos setores, entre os quais o Turismo, com a criação de uma nova comissão. Durante o último ano a ACEPI realizou um leque de importantes iniciativas e eventos que contaram com o apoio dos seus patrocinadores, do Governo de Portugal e de outros parceiros.

O sucesso da participação e o interesse de destacadas personalidades nacionais e internacionais mostram a relevância que estes encontros e momentos de debate assumem para a dinâmica da Economia Digital.

Entre os principais momentos destaca-se o Mobile Forum Portugal 2015, uma iniciativa da ACEPI em parceria com MMA e APDC, e o Digital Media Forum Portugal, que contou com o apoio do Governo português para discutir os desafios que o sector dos media enfrenta. Mais uma vez a Portugal Internet Week, em setembro, foi o momento chave para o sector, juntando mais de meia centena de expositores no espaço do Centro de Congressos de Lisboa com os momentos de debate em 12 fóruns temáticos.

Na mesma semana foram entregues os Prémios Navegantes XXI, com destaque para o Prémio Carreira que este ano reconheceu o trabalho de Francisco Pinto Balsemão em prol da Economia Digital. A fechar a semana o Dia das Compras na Net voltou a dinamizar o interesse dos consumidores e de mais de 100 lojas.

A par deste trabalho de maior visibilidade, a Associação prosseguiu com a sua participação em trabalhos de desenvolvimento da legislação e das boas práticas no sector, marcou presença no desenvolvimento das iniciativas da Agenda Digital e nos órgãos sociais do ICAP, CSP, ARBITRARE, DNS.PT e EMOTA, mantendo também as relações com Câmaras de Comércio e Associações de vários países.

Para 2016 já está definido um calendário que pretende aprofundar o trabalho realizado nas várias áreas da Economia Digital, alargando a abrangência da Associação e a capacidade de chegar a novos sectores da Economia e a novas empresas, ajudando-as no processo de transformação e digitalização. “Queremos chegar a mais empresas e apoiar o desenvolvimento da Economia Digital em Portugal, alcançando o potencial que existe e garantindo a resposta às necessidades crescentes dos consumidores portugueses”, adianta Alexandre Nilo Fonseca que acredita que todos os indicadores estão conjugados para que 2016 seja um ano muito positivo para a Economia Digital em Portugal.


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