Mínimos exigidos às maternidades baixam para 730 partos

Com dois “baby boom” já registados e um terceiro em perspetiva, este ano pode ficar na história do serviço de Obstetrícia do Hospital Sousa Martins.

A Ordem dos Médicos (OM) reduziu o número de partos anuais necessários para manter as maternidades abertas em Portugal, que passou a ser de 730. O mínimo anterior era de 1.500 partos. A decisão foi recebida com «alívio» na Guarda, cujo serviço de obstetrícia pode agora trabalhar com «menos pressão e mais tranquilidade», reconhece Cremilde Sousa.
Este é um dos critérios revistos recentemente pelo Colégio de Ginecologia e Obstetrícia da OM, que considera bastarem 730 partos anuais para manter a qualidade assistencial. A exigência de um mínimo de dois ginecologistas-obstetras no serviço e que cada um deve fazer, pelo menos, um parto por dia são outros critérios. Estas alterações são justificadas pela quebra da natalidade em Portugal e pela evolução técnico-profissional dos obstetras e dos serviços. «A maternidade da Guarda cumpre estes requisitos há mais de 20 anos. Estamos dentro da média em termos de partos por dia e temos dois obstetras 24 horas por dia, sete dias por semana», refere a diretora da Obstetrícia do Hospital Sousa Martins. Cremilde Sousa considera «ótimas» estas alterações e acrescenta que transmitem «mais tranquilidade aos nossos profissionais, que têm dado o seu máximo por este serviço nos últimos anos».

A médica adianta que, até 6 de outubro, houve «entre 560 a 580 partos» na maternidade da Guarda, «o que já é mais do que em todo o ano passado». Para este resultado têm contribuído «alguns picos» de nascimentos, como o ocorrido no início de março, quando, numa semana, nasceram 27 bebés. A situação inédita voltou a repetir-se «em finais de julho, início de agosto», altura em que se registaram 15 partos na mesma semana. «Há dias assim e outros mais calmos, pois a gravidez tem sempre inerente alguma imprevisibilidade», afirma Cremilde Sousa. De resto, a responsável admite que possa haver novo “baby boom” na maternidade da Guarda «lá para o final deste mês». Por isso, tudo indica que o ano de 2014 venha a ficar na história e contrarie a tendência de diminuição do número de partos verificada nos últimos dois anos. Em 2013 registaram-se 579 partos no Sousa Martins, menos 37 que no ano anterior, quando houve 616.

Mesmo assim, estes dados ainda colocam a maternidade da Guarda – bem como a do Centro Hospitalar da Cova da Beira, que teve 599 partos em 2013 e 573 em 2012 – abaixo do limite determinado pela Ordem. Para este tipo de situações há critérios especiais a ter em conta, como a população servida não estar a mais de 30 minutos de distância da maternidade. É ainda exigido que as equipas integrem programas de treino adequados a esta realidade e integrem duas enfermeiras, uma das quais com especialidade obstétrica. Por outro lado, é recomendado que estas maternidades tenham sempre de serviço um anestesista e um pediatra.


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