Luandino Vieira no Festival Literário da Gardunha

O Festival Literário de Castelo Branco começa na quarta-feira com o espetáculo audiovisual e musical “A Canção Raiana Perdida”, um projeto desenvolvido por Tom Hamilton, músico inglês radicado na região e apaixonado pelas suas sonoridades.

“Este ano teremos pela primeira vez cinco países diferentes representados, nomeadamente Portugal, Espanha, Brasil, Angola e Moçambique. Só de Angola teremos quatro presenças, com especial destaque para Luandino Vieira, que fará a abertura do encontro de escritores”, afirmou a diretora do festival, Margarida Gil dos Reis, na conferência de imprensa de apresentação do evento.

Dedicado à “Viagem” como especial incidência para o subtema das “Fronteiras”, a edição deste ano volta a integrar inúmeras iniciativas de âmbito cultural que interligam a literatura e outras expressões artísticas.

“Mantemos uma aposta clara no cruzamento de diferentes gerações e várias áreas, e tornamos ainda mais expressiva a interculturalidade e a transdisciplinaridade do festival”, referiu aquela responsável, lembrando que as atividades decorrem ao longo de toda a semana que antecede o encontro de escritores, marcado para 20 e 21 de maio.

A Luandino Vieira juntam-se nomes como Álvaro Laborinho Lúcio, José Viale Moutinho, Isabela Figueiredo, Ana Margarida de Carvalho, Afonso Cruz, Joel Neto, Lopitó Feijó, Miguel Manso, Gustavo Rubim, Maria João Ruela, Sérgio Godinho, Aldina Duarte e João de Melo, entre outros.

Do programa semanal constam ainda as já habituais residências literárias e artísticas, bem como o encontro dos escritores residentes com os alunos das escolas do concelho ou ainda a realização de uma feira do livro, de um caminhada poética e de uma exposição. A apresentação de uma peça de teatro (“Daqui Ninguém Entra”) e do espetáculo “Chico Buarque por Cristina Branco e Mário Laginha Trio” estão igualmente previstas.

Como novidades, surge a criação do Prémio Escolar Festival Literário da Gardunha, concurso que já foi lançado junto dos alunos do 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade das escolas do distrito de Castelo Branco e dos municípios que integram a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, aquela de que o Fundão faz parte.

“Lançámos-lhes o desafio para que criassem um conto sobre a ‘viagem’ e o que pretendemos é incentivar os mais jovens a escreverem de modo a tomarem gosto pela leitura e pela escrita”, afirmou Margarida Gil dos Reis, especificando que o trabalho que mais se distinga será apresentado publicamente no âmbito do festival.

Segundo o referido será também realizada pela primeira vez a componente do “Laboratório Criativo”, que se baseia numa associação com empresas e jovens criativos da região e a qual permitirá a criação de vários produtos originais que têm como fonte de inspiração a literatura e a Gardunha.

Entre os produtos está, por exemplo, um vinho que será comercializado juntamente com um livro de poemas, de um saco de sabonetes artesanais concebidos com aromas da Gardunha e que tem um verso do poeta fundanense Albano Martins, bem como a criação da caneta, da almofada ou da caixa de óculos em cortiça e com poemas de autores portugueses e ainda de uma camisola personalizada também com um verso de um poeta português.

Um aspeto que foi destacado pelo presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, que realçou a importância de ter um festival que contribui para aumentar a oferta cultural da região ao mesmo tempo que afirma a notoriedade do concelho e que também “puxa” pelo território nas diferentes componentes.

“Esta linha de partir da literatura para fazer a relação com outras áreas de conhecimento e até de negócio e investimento (…) é já uma forma de diferenciação”, referiu.

A organização volta a estar a cargo da Câmara do Fundão e da A23 edições, e conta com um orçamento de 20 mil euros, que será inscrito no PROVERE – Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos.


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