Cintos de segurança teriam evitado tragédia com autocarro

O autocarro de matrícula espanhola que este domingo se despistou no IC8, na zona da Sertã, causando 11 mortos e 33 feridos, só tinha cintos de segurança nos dois bancos da frente. No autocarro viajavam 44 pessoas, que tinham saído de Portalegre cerca das 6h15 horas para rumarem a S. Paio de Oleiros, Santa Maria […]

O autocarro de matrícula espanhola que este domingo se despistou no IC8, na zona da Sertã, causando 11 mortos e 33 feridos, só tinha cintos de segurança nos dois bancos da frente.
No autocarro viajavam 44 pessoas, que tinham saído de Portalegre cerca das 6h15 horas para rumarem a S. Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira. Duas horas depois, no nó do Carvalhal (Sertã), no IC8, a viagem de lazer terminaria abruptamente em tragédia. O condutor perdeu o controlo do veículo que, já em despiste, destruiu o separador lateral, acabando por cair a pique numa ravina com cerca de 10 metros de altura. Contam os sobreviventes que muitos dos ocupantes foram projetados. «Os dois primeiros bancos da frente tinham cinto. Como é um autocarro espanhol, não tinha nos outros. A minha salvação, da minha filha e das pessoas que iam ao meu lado foi essa, porque não fomos projetados», garantiu Ana Paula Milho, mulher do motorista, Marco Correia, que trabalha na empresa espanhola Rabazo Autocares (de Badajoz) há cerca de seis anos. Como muitos dos 39 passageiros não tinham cinto de segurança, foram projetados para fora do autocarro. Dez não resistiram e faleceram no local. Um outro morreu já no hospital. De entre as vítimas mortais contam-se três casais. Dez dos mortos eram residentes em Portalegre e um em Monforte. De entre os 33 feridos, 11 são graves.
“Autocarro velho”
A legislação nacional determina que todos os autocarros de passageiros de longo curso com matrícula posterior a 1 de outubro de 1999 são obrigados a ter cintos de segurança para serem homologados. Porém, em Espanha, esta exigência só se aplica às matrículas posteriores a 2007. O Jornal de Notícias tentou, sem êxito, contactar a empresa espanhola proprietária do autocarro. Ainda assim, um dos responsáveis esteve no local do acidente, mas escusou-se a prestar esclarecimentos. De acordo com o organizador da excursão, Luís Barbas, o veículo teria «entre seis a sete anos». Ou seja, para ter matrícula portuguesa teria de ter cintos em todos os lugares. Já quanto à idade do veículo, persiste a dúvida, embora relatos de sobreviventes refiram que se tratava de um autocarro «velho». A investigação ao acidente vai agora determinar as causas, mas os relatos dos ocupantes apontam para duas possibilidades: ou o motorista perdeu o controlo da viatura num lençol de água ou um socalco no piso do IC8 fez a viatura despistar-se. «Os autocarros têm de cumprir a legislação portuguesa. Não estou a dizer se estavam ou não, tem de se verificar no relatório final», afirmou o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Em Portalegre, foi criado um gabinete de crise na Câmara Municipal, envolvendo meios de diversas entidades, para prestar apoio psicológico aos familiares das vítimas. Os funerais devem começar já hoje.

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