Douro quer azeite com Denominação de Origem Protegida

Autarquias, olivicultores e associações do setor deram esta segunda-feira, em Tabuaço, o primeiro passo para criação da primeira Denominação de Origem Protegida (DOP) para o azeite produzido na região do Douro.

O presidente da Câmara de Tabuaço, distrito de Viseu, disse à agência Lusa que a certificação do azeite do Douro “é importantíssima para criar valor acrescentado na marca, no produto e em quem o produz” e poderá ajudar a “incrementar as vendas do azeite duriense”.

A ideia passa por instituir uma DOP ou IGP (Indicação de Origem Protegida) “dar mais valor ao azeite” que é produzido no Douro. “Esta certificação é um passo gigantesco para o consumidor perceber que está perante um produto de excelência”, frisou.

O que, na sua opinião, poderá abrir as portas a novos mercados, aumentando o volume de exportações bem como os preços de venda.

“Nunca teremos sucesso pelo fator quantidade, mas sim pela qualidade, exclusividade e autenticidade daquilo que temos de melhor. O vinho é uma prova, mas não é um caso isolado”, salientou.

De momento, apenas existe a DOP do “Azeite de Trás-os-Montes” que engloba alguns concelhos durienses tais como Vila Flor, Vila Nova de Foz Côa, Carrazeda de Ansiães e Murça.

A iniciativa partiu da Câmara de Tabuaço e à chamada para a primeira reunião que decorreu hoje, neste concelho, responderam vários municípios durienses, associações ligadas ao setor, cooperativas instituições de ensino e investigação, bem como empresas ou produtores em nome individual.

Os participantes consensualizaram a criação de uma comissão instaladora que irá pensar no enquadramento legal da iniciativa, nas soluções técnicas e custos associados ao projeto. A próxima reunião decorrerá dentro de um mês.

Francisco Pavão, presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), afirmou que a DOP significará a valorização de um produto e de um território.

O responsável salientou que, nesta primeira fase do projeto, é preciso perceber quais são as áreas que são diferentes das de Trás-os-Montes e poderão vir a ser incluídas nesta nova Indicação Geográfica ou DOP.

José Manuel Amaral, presidente do conselho de administração da Cooperativa de Olivicultores de Tabuaço, acredita que a DOP poderá trazer mais-valia ao azeite, que poderá também vir a ser comercializado a melhores preços

“Num concelho como este, essencialmente agrícola e em que as pessoas vivem essencialmente do vinho e do azeite, o facto de poderem vender o azeite a um preço superior é muito bom e poderá, sem dúvida, abrir mais portas à comercialização”, afirmou.

O responsável referiu que os custos de produção neste território são muito elevados devido à morfologia dos terrenos, muito íngremes, que dificultam a mecanização da apanha.

“É tudo feito manualmente, como sempre foi. Os custos de produção são elevadíssimos e se os preços não acompanharem podem-se verificar mais casos de olivais ao abandono, em virtude de esta não ser uma atividade rentável”, salientou.

A cooperativa de Tabuaço possui cerca de 700 associados. Na campanha 2015/2016 esta organização laborou 1,2 milhões de quilos de azeitona e, este ano, esse valor não chegou às 600 mil toneladas.

Na campanha 2016/2016, que ainda a ser fechada, estimam-se quebras na ordem dos 60% em concelhos do Baixo Corgo e Cima Corgo, inseridos na Região Demarcada do Douro. Em Trás-os-Montes estimam-se uma quebra na ordem dos 15% 20%.

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro produz, em média, cerca de 13 mil toneladas de azeite por ano, o que equivale a cerca de 11% do azeite nacional.


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