Associação Têxtil conta com as universidades para projetar o futuro do setor

A ATP – Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal estudou formas de tornar o tecido empresarial mais forte e defende, entre outras, a aposta da inovação que nasce dos centros de investigação.

O trabalho que é feito nas universidades é “fundamental” para o futuro dos têxteis. Paulo Vaz, diretor-geral da ATP – Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal, defende esta ideia, numa altura em que o responsável tem viajado pelo País para apresentar o Plano Estratégico Têxtil 2020. A Universidade da Beira Interior (UBI) foi paragem obrigatória e recebeu a explicação daquilo que a maior organização do setor aconselha para os próximos anos.

Apostar na inovação é uma das estratégias, ou não estivesse escrito na Introdução do estudo que “mais de 70 por cento dos têxteis” que serão usados no futuro não estão “ainda concebidos”.

Mas olhando para o passado, há já exemplos do que a investigação pode trazer a uma indústria que é das mais importantes no País e na Beira Interior, uma região que soube evoluir e renovar a competitividade entretanto perdida, como lembrou Paulo Vaz, em declarações ao Urbi@Orbi.

“O cluster têxtil é composto não apenas pelas empresas, que estão de alguma maneira interligadas, mas também pelos centros de competências que dão apoio ao setor. Entre os quais naturalmente incluímos os centros tecnológicos e de formação, mas evidentemente aqueles que são a pedra angular de todo o sistema científico e tecnológico que são as universidades”, defendeu o responsável, que apontou a UBI como uma das instituições a ter em conta para o desenvolvimento de produtos. O VitalJacket, um produto de alta tecnologia de conceção nacional, é exemplo do que pode ser desenvolvido.

Antes, durante a apresentação, sublinhou o papel da inovação tecnológica, que não tem de implicar “grandes descobertas”, mas “pequenos passos e pequenas melhorias, que permitam fazer a diferenciação”.

Em Portugal – e na própria UBI – tem-se desenvolvido nos últimos anos trabalho no que diz respeito aos têxteis técnicos e funcionais, “áreas que não eram habituais”, refere Paulo Vaz. Também ao nível da nanotecnologia, foi criado o CENTI, em Famalicão, dedicado ao Têxtil, que junta, entre outros parceiros, instituições de Ensino Superior, “precisamente por serem multidisciplinares e complementares, naquilo que aportam em termos de conhecimento, para uma área nova e avançada”, acrescenta Paulo Vaz.

MEDIDAS PARA FORTALECER SETOR

O “Plano Estratégico Têxtil 2020”, idealizado pela ATP e coordenado por Paulo Vaz, Ana Paula Dinis e Daniel Agis, foi apresentado na UBI, na terça-feira, dia 9, numa sessão promovida no Museu de Lanifícios, numa organização conjunta com o Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis.

O documento estabelece o cenário do setor e junta-lhe aqueles que são vistos como os eixos estratégicos e as recomendações para os próximos anos. As recomendações dirigem-se à administração pública, centros de competências de apoio a esta indústria e ao tecido empresarial.

Os eixos estratégicos apontam para a necessidade de capitalização e financiamento das empresas e da atividade – a que não é alheia a criação do documento, que procura formas de captar fundos comunitários –, melhoria da gestão das organizações, competitividade para concorrer à escala global, inovação, valorização dos recursos humanos, imagem e visibilidade do setor e empreendedorismo. Aposta na moda, diversificação industrial e o “private label” são outras receitas.

De acordo com dados avançados por Paulo Vaz, o setor emprega 120 mil pessoas e é responsável por 10 por cento das exportações. O ano de 2014 será o melhor a este nível desde 2001, com as vendas ao exterior a atingirem os 4,5 mil milhões de euros.

Na sessão que decorreu na UBI, Daniel Agis apresentou duas dezenas de tendências que irão determinar o setor nos próximos tempos. Entre eles estão as alterações no modelo de venda e sustentabilidade, apontou o especialista em marketing têxtil e moda, que também trabalhou com a ATP.


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