Espanha suspende processo de autorização de fábrica de urânio perto de Portugal

O Ministério da Energia espanhol decidiu “suspender” o processo de autorização da construção de uma fábrica de “concentrados de urânio” em Retortillo Salamanca, perto dos concelhos portugueses de Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo (Guarda).

O “Ministério [da Energia] decidiu a suspensão do processo de autorização da construção da fábrica, com caráter indefinido, até a divulgação do relatório do CSN” (Conselho de Segurança Nuclear), segundo a resposta do Governo espanhol a uma pergunta feita por um membro do Congresso de Deputados, em Madrid.

De acordo com a resposta a Juan López de Uralde, do grupo Unidos Podemos, “dada a complexidade da documentação” entregue e dos “possíveis pedidos de informação adicional” à empresa que pediu a construção, o CSN afirma que necessita de mais tempo do que os dois anos previstos para emitir o seu parecer.

Ambientalistas espanhóis e portugueses opõem-se às obras em curso da empresa Berkeley para abertura de uma mina de urânio a céu aberto em Retortillo, assim como da fábrica que irá fazer a separação do urânio dessa mina e que pode também usar material proveniente de outras minas espanholas.

A associação ambientalista Quercus alertou no ano passado para os perigos para a saúde pública e para o ambiente que representa esse projeto.

Contaminação de rios, aquíferos, solos e ar com partículas radioativas, além do risco de doenças respiratórias e oncológicas, são alguns dos “sérios perigos” apontados na altura à Lusa pela Associação Nacional da Conservação da Natureza.

Também em 2016, a plataforma espanhola Stop Uranio alertou para a proximidade de uma das entradas do Parque Natural do Douro Internacional.

Segundo os ambientalistas há dois cursos de água que atravessam o território onde vai ser instalada a exploração mineira de urânio, que vão desaguar no rio Douro, junto ao território de Saucelle (Espanha) e Freixo de Espada a Cinta (Bragança), a jusante da barragem espanhola de Saucelle”.

Os opositores à exploração mineira sublinham ainda que outra das implicações negativas do projeto passa pelo abate de 25 mil árvores de crescimento lento, que estão plantadas numa área com uma extensão de cerca de 27 quilómetros, onde a empresa Berkeley tem intenção de abrir a mina e construir a fábrica para a exploração de urânio.


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