A sopa é um prato milenar civilizacional que deveria ter aparecido muito pouco depois da descoberta do fogo, quando uma “cozinheira”, lembrou-se de colocar um pedaço de carne em água quente.
Segundo o livro da história da alimentação, os caldos precederam as sopas. Os caldos dividiam-se em caldos doces, elaborados com vegetais frescos, e em caldos ácidos, elaborados com plantas ácidas como as urtigas ou por fermentação alcoólica ou láctea. Destas, sopas ácidas, destacou-se o Bortsch russo e eslavo, que na pré-história foi uma das receitas mais difundidas em toda a Europa.
Sabe-se que os caldos hebreus eram confeccionados com cereais e carne, tal como actualmente a nossa canja.
Os gregos eram grandes fás dos caldos: o mais conhecido era o Caldo Negro de Esparta que pensa-se que era confeccionado com sangue de animais, tal como são feitas as nossas papas de sarrabulho.
Em Roma, os pastores comiam-na simplesmente com cereais e acompanhavam-na com produtos hortícolas, frutas e queijo. As sopas de Apicio, o mais famoso gastónomo de Roma eram conhecidas por ser refinadas e suculentas e eram servidas com lentilhas, ervilhas e outros vegetais e ainda com muito azeite.
Na época medieval a aparece a sopa dourada, uma receita feita com fatias de pão, um molho á base de açúcar, vinho branco, gemas de ovo e águas de rosas e açafrão.
Foi desta altura que apareceu a palavra “sopa”. Esta palavra tem a sua origem na palavra teutónica suppa que se refere a um prato medieval (sop) de um estufado espesso que se colocava em fatias de pão, provavelmente iria originar a açorda alentejana.
Hoje, as sopas mais características da cozinha portuguesa são a canja, o caldo verde, a sopa do cozido, as sopas de peixe e as sopas de feijão com hortaliça.
Na era moderna, um receituário dedicado exclusivamente às sopas e escrito em 1882 por Emma Ewing, referia que aquelas eram “convenientes, económicas, saudáveis e de mais fácil digestão do que qualquer outro cozinhado” e que deveriam “ocupar um lugar de destaque na ciência da culinária”.
Na verdade, a sopa de legumes como a conhecemos actualmente, é um caldo de nutrientes que deverá ser parte constituinte das nossas refeições principais.
A sopa tem uma função importante de nos fornecer nutrientes protectores do organismo como as vitaminas, minerais e fitoquímicos, regular o nosso apetite com a ingestão de água e fibras, e assim controlar a nossa saciedade. A sopa pode ser composta por vários alimentos como:
– A cenoura, abóbora, agrião e couves ricos em vitamina A;
– A abóbora rica em vitamina E;
– O alho-francês rico em tiamina;
– Os coentros, agrião e brócolos ricos em niacina;
– A Couve-flor rico em vitamina B6;
– Espinafres, espargos, couve-de-bruxelas e couve-galega ricos em ácido fólico;
– A cebola, couves, espinafres, espargos ricos em potássio;
– A couve-galega rica em cálcio;- A couve-flor, couve portuguesa e espinafres ricos em magnésio;
– Espinafres, couve-galega, brócolos, alho, alho francês ricos em ferro;
Devido ao elevado teor de água e de fibra, um prato de sopa contribui para a regulação da velocidade intestinal evitando a prisão de ventre e diminui a absorção do colesterol alimentar. Um prato de sopa pode conter cerca de 3g de fibra alimentar.
Um prato de sopa geralmente é de baixo valor calórico face a outros pratos, contribuindo para a prevenção e tratamento da obesidade.
A sua forma de confecção não gera a formação de substâncias carcinogénias, tenta aproveitar todos os nutritientes dos alimentos, é de fácil digestão e é pouco alergénica.
Concluindo, ingira sopa ao almoço e ao jantar para melhor viver.