O aumento do consumismo está intimamente ligado ao aperfeiçoamento da tecnologia, às sucessivas e extenuantes campanhas publicitárias, à “renovação” e inovação dos materiais, dos formatos e das pigmentações, à procura cada vez mais exigente e à própria pluralidade dos produtos.

Esta conjuntura acabou por promover a produção em série que ultrapassa a simples utilização, bem como a fabricação tendo em conta os “rostos” sociais, culturais, harmoniosos, sedutores, estéticos e psicológicos. Tenta-se, a todo o custo, espicaçar a emoção, a técnica, o magnetismo e o “movimento”.

A embalagem sempre fez parte da vida humana. Nos primórdios era utilizada unicamente para depositar, transportar e conservar alimentos, todavia, e com o decorrer do tempo, a mesma foi adquirindo novas funções e maior relevância. As empresas procuram que os seus produtos se metamorfoseiem em verdadeiros “objectos” de consumo.

A embalagem desfila com um rótulo, este deve possuir poder de sedução e de comunicação. O rótulo tem a particularidade de “condicionar” a percepção humana e fazer despertar as configurações sensitivas. Portanto, a linguagem deve conseguir transmitir ao consumidor um conjunto de informações e, simultaneamente, convocar a sua atenção. Será que a linguagem não encerra um papel fundamental na diferenciação dos produtos?

A oportunidade de estruturar e fundar uma preeminência competitiva fundamentada na produção de embalagens e rótulos com design inovador, que esteja de acordo com as exigências imediatas e vindouras do mercado, faz com que as empresas disponibilizem uma crescente quantidade de recursos nos seus planos de concepção. Será que o consumidor não é a razão de ser e o propósito de tudo aquilo que é produzido pelas empresas?
O criativo edifica a sua obra com base na realidade e na sua imaginação, metamorfoseando a sua emoção, o seu estado de espírito e os seus sentimentos num símbolo e numa imagem perceptível e comunicativa. A comunicação, para além de encolerizar, adestrar, alienar, desencaminhar, encaminhar, encorajar e incutir, também constitui uma espécie de energia que impulsiona a vida dos cidadãos e das comunidades, sendo um “comportamento” tão espontâneo como inspirar, expirar, beber ou comer.
A aptidão e a inteligência do compositor visual na disposição dos elementos na obra são patenteadas pela competência e pela habilidade do receptor na descodificação da mensagem. Neste sentido, quantos mais códigos, símbolos e signos forem assimilados e dominados pelos indivíduos produtores ou receptores, mais idoneidade possuirão para participar, de uma forma vigorosa e abalizada, na tela da significação cultural.

.O consumidor tem dificuldade em definir as suas próprias exigências, razão pela qual as empresas agasalham a responsabilidade de aleitar estruturas e mecanismos que permitam decifrar os gostos e as ambições do seu público. O mercado mundial tem-se preocupado e enamorado da inovação, como forma de convidar a atenção e a meditação dos consumidores, estimulando, instintivamente e simultaneamente, renovadas sensações que autorizam o uso especializado de determinados recursos e códigos no campo visual da embalagem.

O consumidor com o apoio e influência do efeito visual faz a selecção e, involuntariamente, desloca o efeito do miolo da embalagem para o seu conteúdo, sendo posteriormente reconhecida, por associação, a imagem da embalagem como produto. A numerosa quantidade de produtos que circulam no mercado com funções e embalagens semelhantes exige do designer e do fabricante coerentes e perspicazes estratégias de mercado capazes de vencer a intensa competição. Será que para convidar, seduzir e conquistar o consumidor, os produtos não devem conter um padrão que embrulhe criatividade, formosura, funcionalidade, diferenciação, singularidade e preço justo?