O cenário demográfico português atual afigura-se envelhecido. Será cada vez mais provável que se depare com a responsabilidade de integrar algum familiar (pais, avós, tios, entre outros) ou significativos (amigos) numa resposta social para pessoas idosas.

Ao reunir uma experiência profissional como Educador Social e Diretor Técnico de uma estrutura residencial para pessoas idosas, sinto o dever de partilhar alguma da informação que pode ser decisiva no momento de optar pela via da institucionalização do idoso.

No que respeita à resposta social Lar de Idosos (LI), elenco 4 dicas que podem ajudar na decisão da institucionalização, escolha da instituição e acompanhamento do idoso.

  1. Certifique-se que a valência LI é a resposta social mais adequada ao seu familiar e/ou significativo.

Existem algumas respostas sociais para pessoas idosas, nomeadamente o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), Centros de Dia (CD) e Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), também designada LI. A valência LI é a mais radical!

Se eventualmente for possível, vá de forma progressiva, iniciando pelo CD ou SAD, consultando o seu familiar e/ou significativo. Obviamente que esta escolha estará relacionada com o nível de dependência do idoso, entre outros aspetos relevantes (financeiros, isolamento, etc.).

Nesta fase fale com amigos e profissionais na área do envelhecimento (Educadores Sociais, Gerontólogos, Técnicos de Serviço Social, entre outros). Eles podem ser um suporte muito interessante, uma vez que conhecem a realidade.

  1. Optou pela valência LI. Primeiro passo: escolher a instituição.

A instituição poderá, eventualmente, não se traduzir na sua primeira escolha, isto porque o número de vagas é limitado. É sabido que nas instituições sem fins lucrativos (IPSS) as vagas são mais escassas. Já nas instituições com fins lucrativos as vagas são, habitualmente, mais acessíveis.

Ambos os tipos de instituições têm as suas vantagens e desvantagens e penso que não se vincula ao facto da sua natureza. A variável preço é algo bastante sensível e com bastante peso no momento da decisão. Todavia, convém desmistificar a ideia de que as instituições privadas lucrativas são significativamente mais caras (nem sempre se verifica).

As instituições privadas lucrativas, normalmente recentes, apresentam condições físicas e materiais comparativamente mais atrativas. Não obstante, muitas IPSS´s modernizaram-se e também reúnem boas condições. O que será decisivo e fundamental serão os colaboradores da instituição. Estes irão contactar diretamente com o seu familiar e/ou significativo.

Consulte, sempre que possível, o idoso neste processo de escolha. Nunca se esqueça que ele é o centro de todo este processo.

  1. Escolhida a instituição importa perceber como ela funciona.

No processo de escolha da instituição vamos reunindo, aqui e ali, imensa informação pertinente. Chegou o momento certo para tirar ilações do modo de funcionamento. É importante esclarecer as seguintes questões:

Existe alvará? Entregaram-lhe uma ficha de inscrição? Cópia do regulamento interno da valência? Existe uma lista de espera? Existem critérios definidos? Analisou o contrato? A instituição adapta-se às verdadeiras necessidades do idoso? Estão em processo de certificação da qualidade? O mapa de pessoal adequa-se às necessidades?

Muitas outras questões serão pertinentes. No entanto, ficam referidas algumas notas que podem ditar (ou não) a existência de qualidade numa dada instituição.

  1. Após a admissão do seu familiar e/ou significativo.

Após a escolha ponderada da instituição, é absolutamente fundamental que continue a apoiar o seu familiar e/ou significativo. Nunca se esqueça que você é parte integrante na integração do idoso na nova fase da sua vida. Jamais descarte as suas responsabilidades.

Convém seguir o idoso com assertividade comportamental, isto é, nem visitar demasiado, nem excessivamente ausente. Não pressionar constantemente a direção da instituição, mas colaborar e assumir uma postura cordial, exigindo sempre os seus direitos e cumprindo os seus deveres num verdadeiro espírito de cooperação.

Apresente sugestões para o Plano de Atividades de Ocupação de Tempos Livres e Desenvolvimento Pessoal da instituição. Faça parte do mesmo, participando nas atividades propostas (festas, aniversários, efemérides, atividades culturais, desportivas, religiosas, etc.). Estreite os laços entre a instituição e a comunidade, tendo por base que você é um elemento chave dessa mesma comunidade.

Muito fica por dizer. Muito há a fazer. Você assume um papel importante nesta etapa da vida do idoso.